Compromissos dos países ricos são insuficientes para limitar aquecimento global
o Paris Equity Check considera que "os países mais desenvolvidos" ainda estão longe de se ajustar a esse limite
A maioria dos países desenvolvidos tem ambições climáticas incompatíveis com os objetivos do Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a um máximo de 1,5ºC, segundo um estudo publicado nesta terça-feira (6).
O site Paris Equity Check avaliou as chamadas Contribuições Determinadas Nacionalmente (NDC, na sigla em inglês).
Essas NDC são equivalentes aos compromissos de redução de gases de efeito estufa dos quase 200 países que assinaram o Acordo de Paris de 2015.
As contribuições devem ser atualizadas a cada 5 anos.
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O objetivo do acordo climático é manter o aquecimento do planeta "bem abaixo de 2ºC" em relação à era pré-industrial e preferivelmente a 1,5ºC.
Em sua última avaliação dos compromissos adotados até a data, o Paris Equity Check considera que "os países mais desenvolvidos" ainda estão longe de se ajustar a esse ambicioso limite de 1,5ºC, que foi reafirmado na COP26 em Glasgow no ano passado e na COP27 no Egito este ano.
Entre os países ricos, os compromissos da União Europeia estão ajustados para um aquecimento de 2,3 ou 2,5 ºC até o final do século, e os dos Estados Unidos de 3 ou 3,4 ºC.
Esses números vêm de dados científicos atualizados em novembro e de dados do grupo de pesquisa Climate Action Tracker.
Nas Américas, o Brasil se ajustaria a um aquecimento de 2,1 ou 2,9 ºC, e o México a 2,7 ou 3,2 ºC. Um pouco menos ambiciosos, os compromissos do Chile se ajustariam a um aquecimento entre 3,2 e 4ºC, e da Argentina a 3,9ºC.
Estes países estão, no entanto, longe do potencial de aquecimento catastrófico de países emergentes como a China, a Rússia ou a Turquia, de 5ºC ou mais.
São os países mais pobres, em sua maioria da África subsaariana, os que mais se enquadram no Acordo de Paris. Seu desafio será manter seus compromissos quando decolarem financeiramente, depois de 2030.
"Esta avaliação mostra a importância do apoio internacional e de colaboração para que o Sul global não tenha que recorrer a um desenvolvimento tão intensivo em carbono quanto os países do Norte", comentou Yann Robiou de Pont, pesquisador do Paris Equity Check."O desafio para o Norte é desenvolver e implementar opções rápidas para mitigar (as emissões) e fornecer apoio suficiente e justo. O desafio para o Sul é permanecer verde depois de 2030", resumiu.