Comunidade internacional pede moderação após ataque no Irã atribuído a Israel
A imprensa americana, citando funcionários do alto escalão do país, reportou que se tratava de uma operação israelense
A ONU pediu, nesta sexta-feira (19), a interrupção do "ciclo de retaliação" no Oriente Médio, após explosões no centro do Irã atribuídas a um ataque israelense, em um contexto altamente volátil desde o início da guerra entre Israel e o Hamas em Gaza há mais de seis meses.
Na madrugada, várias explosões sacudiram uma base militar em Isfahan, no centro do Irã. Mas as autoridades iranianas minimizaram o impacto das detonações e não acusaram diretamente Israel, que também não reivindicou a operação.
A imprensa americana, citando funcionários do alto escalão do país, reportou que se tratava de uma operação israelense em resposta ao ataque sem precedentes lançado por Teerã contra o território israelense em 13 de abril.
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As explosões aumentaram os temores de uma escalada no Oriente Médio, em um momento em que a guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas, que começou após o sangrento ataque de 7 de outubro, se intensifica em Gaza e já causou 34.012 mortes, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas.
A agência de notícias iraniana Fars relatou "três explosões" perto da base militar em Qahjavarestan, entre Isfahan e o aeroporto.
A defesa aérea abateu vários drones, mas não detectou "por enquanto" um ataque com mísseis, afirmou um porta-voz da agência espacial do Irã.
"Não temos nenhum comentário por enquanto", disse um porta-voz do Exército israelense à AFP sobre as explosões.
Segundo o jornal americano The New York Times, que citou funcionários do alto escalão iraniano, o ataque foi realizado com drones pequenos que provavelmente foram lançados de dentro do território iraniano.
O The Washington Post citou um funcionário do alto escalão israelense que falou sob condição de anonimato e que disse que a ação tinha como objetivo mostrar ao Irã que Israel tem a capacidade de alcançar o interior do país.
EUA não participou
As instalações nucleares iranianas na região de Isfahan estão "seguras", indicou a agência Tasnim.
O Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA) informou que as instalações nucleares iranianas não sofreram "nenhum dano" no ataque e advertiu que "nenhuma instalação nuclear deve ser alvo de conflitos militares".
O ministro italiano das Relações Exteriores, Antonio Tajani, que presidiu uma reunião de seus colegas do G7 na ilha de Capri, indicou que os Estados Unidos, principal aliado de Israel, foram "informados no último minuto" do ataque, sem precisar por quem.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, presente em Capri, limitou-se a dizer que os Estados Unidos "não participaram de nenhuma operação ofensiva" e destacou que o objetivo de seu país e de outros membros do G7 é uma "desescalada".
Parar o perigoso ciclo de retaliação
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu nesta sexta-feira para "parar o perigoso ciclo de retaliação no Oriente Médio".
O chanceler russo, Sergei Lavrov, afirmou por sua vez que Moscou indicou a Israel que o Irã "não quer uma escalada".
O Irã realizou no sábado seu primeiro ataque direto contra Israel, lançando cerca de 350 drones e mísseis que foram interceptados quase totalmente.
As autoridades iranianas afirmaram agir em "legítima defesa" após o bombardeio contra seu consulado em Damasco em 1º de abril, no qual sete membros da Guarda Revolucionária morreram e que foi atribuído a Israel.
Bombardeios em Gaza continuam
Em meio às tensões, os bombardeios israelenses em Gaza continuam e pelo menos 24 palestinos morreram nas últimas 24 horas, segundo as autoridades sanitárias do Hamas.
O conflito em Gaza começou com o ataque do Hamas em 7 de outubro no sul de Israel, no qual os combatentes islamitas mataram cerca de 1.170 pessoas e sequestraram outras 250, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais.
Com o início da guerra, Israel impôs um cerco em Gaza, onde 2,4 milhões de pessoas estão em risco de fome, segundo a ONU.
Para aliviar essa situação humanitária crítica, a chamada "Flotilha da Liberdade", com cerca de 5 mil toneladas de suprimentos, está se preparando para zarpar do porto turco de Tuzla.
Em 2010, uma iniciativa com o mesmo nome tentou romper o bloqueio naval que Israel impôs em Gaza e foi interrompida por uma operação israelense que resultou na morte de dez ativistas a bordo de uma embarcação.
O governo de Israel anunciou que invadirá Rafah, uma cidade do sul de Gaza onde cerca de 1,5 milhão de palestinos sobrevivem. Os ministros do G7 manifestaram sua oposição a esse plano, que, segundo eles, teria "consequências catastróficas para a população civil".