Dívidas

Concessionárias se antecipam ao Desenrola Brasil e já renegociam dívidas

Após bancos iniciarem o programa federal, empresas de água, luz e gás começam a fazer acordos com inadimplentes

DívidasDívidas - Foto: Reprodução/Pixabay

Concessionárias de água, energia e gás do Rio e de São Paulo decidiram se antecipar ao programa Desenrola Brasil, do governo federal, e já renegociar as dívidas dos consumidores. Seja graças a campanhas próprias ou por meio do mutirão Renegocia! — iniciado há duas semanas pela Secretaria Nacional do Consumidor —, as empresas vêm registrando aumento na procura por acordos. Em apenas uma companhia foram realizadas mais de 20 mil repactuações de contas em atraso em três dias.

Diferentemente do Desenrola Brasil, que na fase atual inclui apenas dívidas bancárias, o Renegocia! permite não só fazer acordos com bancos, mas obter melhores condições para sanar dívidas com concessionárias de serviços e varejistas. A iniciativa, que começou em 24 de julho e vai até o próximo dia 11, conta com apoio de 900 Procons, Defensorias e Ministérios Públicos.

Em São Paulo, a Sabesp, companhia de água e esgoto, além de aderir ao Renegocia!, lançou no último dia 31 um mutirão próprio de renegociação, que vai até 30 de setembro. A empresa acredita que cerca de 250 mil acordos devem ser firmados no período. Nos três primeiros dias, 23 mil parcelamentos foram feitos.

Na CPFL, concessionária de energia que atua em cidades paulistas como Campinas, Ribeirão Preto, Bauru e São José do Rio Preto, desde o dia 24 cerca de 300 consumidores buscaram renegociar faturas com valor médio de R$ 3 mil vencidas há mais de 60 dias.

Alívio no orçamento

Num cenário em que muitas famílias têm de fazer um “rodízio” das contas, escolhendo a cada mês o que pagar, a fase de acordos do Desenrola para dívidas bancárias — que tendem a ser mais caras, com juros mais altos — pode ter dado um alívio no orçamento e permitido ao consumidor buscar quitar outros débitos em atraso, como água, luz e gás.

É o que observa a economista Izis Ferreira, da Confederação Nacional do Comércio (CNC):

— Embora só sejam permitidas dívidas bancárias (na primeira fase do Desenrola), o benefício que uma renegociação pode trazer para o consumidor em termos de melhora do fluxo de pagamento e do próprio orçamento total da família se reflete numa possibilidade de renegociar alguma outra dívida não bancária, como uma conta de energia.

No Rio, o Procon-RJ atendeu, só na segunda semana do Renegocia!, 700 consumidores em busca de melhores condições de pagamento de dívidas com concessionárias de água, luz e gás, com 78% dos atendimentos resultando em acordo.

Na Light, que distribui energia para a cidade do Rio e outros 30 municípios, foram 150 negociações desde o início do Renegocia!. A dívida média é de R$ 3 mil, em atraso há cerca de um ano. Já a Enel registrou 1.300 pedidos de acordo no Rio e em São Paulo no período.

O grupo Águas do Brasil — dono de companhias como Águas de Niterói e Águas do Imperador — encerrou no último dia 31 campanha própria de renegociação. A ação atingiu 20 mil dos 260 mil clientes que se enquadravam no perfil da campanha, focada nas dívidas acima de 90 dias de atraso.

A Águas do Rio, com atuação em 27 cidades do Rio, incluindo a capital, já registou cerca de 10 mil acordos desde junho, quando o mutirão próprio começou.

Na Rio + Saneamento, que atua em bairros da Zona Oeste do Rio e em outros 18 municípios fluminenses, foram 5.800 parcelamentos.

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