Conferência de Paris promete ajuda de 1 bilhão para Ucrânia
Vontade da comunidade internacional é ajudar os ucranianos a "resistir durante este inverno" contra a Rússia
A Conferência de Paris obteve, nesta terça-feira (13), promessas de doações de 1 bilhão de euros (cerca de US$ 1,055 bilhão) para ajudar a Ucrânia a enfrentar o iminente inverno boreal, em meio à invasão da Ucrânia — anunciou a ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna.
"É um sinal poderoso de que todo mundo civilizado apoia a Ucrânia", celebrou o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, ao lado da chanceler da França.
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Deste total, € 415 milhões serão destinados à energia; € 25 milhões, para água; € 38 milhões, para alimentação; € 17 milhões, para saúde; € 22 milhões, para transporte; e o restante ainda será determinado, detalhou Colonna.
Depois das conferências de Lugano, Varsóvia e Berlim, o encontro na capital da França busca neutralizar a estratégia adotada pela Rússia desde outubro, que tem, de acordo com autoridades ocidentais, o objetivo de levar sofrimento à população e enfraquecer a resistência.
"A Rússia atua de maneira covarde e tenta semear o terror entre a população com ataques às infraestruturas civis, o que são atos de guerra", declarou o presidente francês, Emmanuel Macron, na abertura da conferência.
A vontade da comunidade internacional é ajudar os ucranianos a "resistir durante este inverno" contra uma Rússia, cujo objetivo é "deixar o país na escuridão e no frio", acrescentou.
"Precisamos de transformadores, de equipamentos para restaurar as redes de alta tensão, turbinas de gás (...) Nosso sistema de energia precisa de uma ajuda de emergência do sistema energético europeu, da importação de energia elétrica de países da União Europeia para a Ucrânia, ao menos até o fim da temporada de calefação", afirmou o presidente Volodimir Zelensky.
"Isto custará quase 800 milhões de euros", acrescentou o presidente ucraniano em um discurso por vídeo no início da conferência internacional de apoio à Ucrânia organizada em Paris com representantes de 47 países.
Em declarações à AFP, o ministro ucraniano da Energia, Guerman Halushchenko, reforçou que suas prioridades são "equipamentos de alta tensão, como transformadores (...) porque estão entre os alvos mais visados pelos russos" em seus ataques.
Os participantes da reunião se concentram em cinco setores fundamentais (energia, água, alimentação, saúde e transportes) para permitir que a Ucrânia conserve suas infraestruturas essenciais.
A reunião, que recebeu o nome "Solidários com o povo ucraniano", acontece na sede do Ministério das Relações Exteriores, na presença do primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal.
Segundo ele, a Agência Internacional de Energia Atômica (OIEA) mobilizará missões para "garantir a segurança" de cinco centrais nucleares, incluindo a de Zaporizhzhia, hoje sob ocupação do Exército russo.
As promessas de ajuda chegam em um contexto energético "difícil", afirmou o operador nacional ucraniano do setor, Ukrenergo, nesta terça.
"O déficit de eletricidade continua sendo significativo", e a deterioração das condições meteorológicas complica a "distribuição" e o "trabalho das equipes de reparo", relatou.
Recessão profunda
A China é a grande ausente do evento, segundo uma fonte diplomática. Mas a reunião tem a presença de embaixadores dos países do Golfo e da Índia, símbolo de uma solidariedade que supera as fronteiras europeias e norte-americanas.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial também estão presentes, mas não são aguardados novos anúncios por parte de ambas as instituições.
O Ministério francês da Economia acolhe uma segunda parte da conferência, mais bilateral, sobre como as empresas francesas poderão participar da "resiliência e reconstrução da Ucrânia". Cerca de 500 delas foram convidadas a fazer parte dessa iniciativa de longo prazo.
Ainda que não haja um cessar-fogo, nem perspectivas de um fim da guerra, "os ucranianos pediram para falar de reconstrução", explicou o Eliseu.
Algumas áreas atingidas no início da guerra já estão em fase de reconstrução, mas as obras devem demorar anos. O custo da guerra para a Ucrânia é imenso.
"Declaramos no início de setembro que o custo seria de quase US$ 350 bilhões, mas isso não cobrirá mais do que o período do início da guerra até 1º de junho", avaliou a vice-presidente do Banco Mundial para Europa e Ásia Central Anna Bjerd.
Uma nova estimativa será publicada no início de 2023, acrescentou Bjerd.
A economia ucraniana já registrou uma contração de 33%, consequência da guerra iniciada por Moscou em 24 de fevereiro.
"Com os recentes ataques no país, a contração será maior. Podemos esperar algo próximo a 40%", disse Bjerd.
O Banco Mundial não fez previsões para o próximo ano, devido à grande incerteza da conjuntura atual.
Na segunda-feira (12), os líderes do G7 decidiram, em uma cúpula virtual, criar uma "plataforma" para "coordenar a ajuda financeira à Ucrânia", anunciou o chanceler alemão, Olaf Scholz.
Também ontem, o presidente ucraniano voltou a abordar seu plano de paz de dez pontos. O Kremlin reagiu nesta terça, advertindo que, antes de qualquer negociação diplomática, a Ucrânia deve ceder os territórios, cuja anexação é reivindicada pela Rússia.