Logo Folha de Pernambuco

Violência

Confrontos com o Azerbaijão matam quase 50 soldados da Armênia

Estes confrontos foram os mais violentos entre os países rivais desde a guerra de 2020

Pelo menos 49 soldados foram mortos no confronto Pelo menos 49 soldados foram mortos no confronto  - Foto: Karen Minasyan / AFP

A Armênia anunciou, nesta terça-feira (13), a morte de pelo menos 49 soldados em confrontos na fronteira com o Azerbaijão, os combates mais violentos entre os países rivais desde a guerra de 2020 pela disputada região de Nagorno-Karabakh.

Apesar de um cessar-fogo anunciado pela Rússia e que entrou em vigor às 06h00 GMT (03h00 no horário de Brasília), a "Armênia está violando intensamente o cessar-fogo ao longo da fronteira usando artilharia e outras armas pesadas" na fronteira entre Armênia e Azerbaijão, disse o Ministério da Defesa azerbaijano em nota.

"A Armênia viola intensamente o cessar-fogo", acusou, indicando que os soldados azerbaijanos empreenderam "medidas de resposta" a esses tiros.

Um pouco antes, o Azerbaijão havia afirmado que cumpriu "todos os seus objetivos" nos combates registrados em sua fronteira com a Armênia.

O ministério armênio da Defesa informou ao meio-dia (hora local) que a intensidade dos confrontos "diminuiu consideravelmente", mas que a situação é "muito tensa" em alguns pontos.

"O inimigo continua tentando avançar", afirmou o ministério.

Volátil

Armênia e Azerbaijão, duas ex-repúblicas soviéticas rivais do Cáucaso, travaram duas guerras nas últimas três décadas pelo controle da região de Nagorno-Karabakh, a última delas em 2020.

Os novos combates, que explodiram na segunda-feira à noite, demonstram como a situação é volátil e ameaçam acabar com o frágil processo de paz mediado pela União Europeia.

O Azerbaijão reconheceu "baixas" nos confrontos, mas não divulgou um balanço.

Pashinian denunciou uma "agressão" do Azerbaijão e, em conversas telefônicas durante a noite, pediu uma reação do presidente russo Vladimir Putin, do presidente francês Emmanuel Macron e do chefe da diplomacia americana Antony Blinken.

Nas ligações, Pashinian disse que espera "uma resposta adequada da comunidade internacional", afirmou um comunicado do governo armênio.

"Com esta escalada, o Azerbaijão está minando o processo de paz" em curso entre Yerevan com a mediação da União Europeia, disse o primeiro-ministro armênio.
 

Preocupação internacional

O Kremlin afirmou que Putin está "pessoalmente envolvido e fazendo todos os esforços possíveis para ajudar a reduzir a tensão".

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, ligou para os líderes do Azerbaijão e da Armênia para instá-los a chegar a um acordo de paz.

Blinken disse a eles que os Estados Unidos "pressionarão por uma cessação imediata dos combates e um acordo de paz entre a Armênia e o Azerbaijão", segundo seu porta-voz, Ned Price.

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, considerou "imperativo" o fim das hostilidades e o "retorno à mesa de negociações".

"Todas as forças devem retornar às posições que ocupavam antes da escalada e o cessar-fogo deve ser plenamente respeitado", destacou em um comunicado.

Borrell anunciou que o representante especial da UE, Toivo Klaar, viajará aos dois países para "apoiar a desescalada necessária e falar sobre os próximos passos no processo de diálogo de Bruxelas entre os líderes armênios e azerbaijanos".

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, exortou os dois países nesta terça-feira a "tomar medidas imediatas para reduzir as tensões" e "resolver todos os problemas por meio do diálogo", disse seu porta-voz, Stéphane Dujarric.

A Rússia também pediu "prudência", disse à imprensa o assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, especificando que o conselho de segurança da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), uma aliança militar liderada por Moscou, planeja discutir o assunto durante uma reunião por videoconferência na noite de terça-feira.

Pouco antes do anúncio da morte dos soldados, o ministério armênio da Defesa afirmou que o exército do Azerbaijão, apoiado por artilharia e drones, tentava entrar em seu território.

"As forças do Azerbaijão continuam usando artilharia, morteiros, drones e fuzis de grande calibre", indicou o ministério, que acusou o Azerbaijão de atacar "infraestruturas militares e civis".

O Azerbaijão acusou a Armênia de "atos subversivos em larga escala" e afirmou que os ataques das tropas de Yerevan provocaram "baixas" em suas fileiras. A Armênia denunciou um "bombardeio intensivo" de suas posições pouco depois da meia-noite em várias localidades, incluindo Goris e Sotk.

A França disse que levará o tema do conflito entre Armênia e Azerbaijão ao Conselho de Segurança da ONU.

Os países vizinhos travaram duas guerras, uma na década de 1990 e outra em 2020, ao redor do enclave azerbaijano com população armênia. As seis semanas de combates em 2020 deixaram mais de 6.500 mortos e terminaram com um cessar-fogo mediado pela Rússia.

Com o acordo, a Armênia cedeu partes do território que controlou durante décadas e Moscou enviou quase 2.000 soldados para supervisionar a frágil trégua.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter