Confrontos entre guerrilhas deixam 80 mortos e milhares de deslocados na Colômbia
Os embates acontecem há quatro dias na fronteira com a Venezuela
Confrontos sangrentos entre guerrilhas da Colômbia e ataques à população completaram, no domingo (19), o quarto dia na fronteira com a Venezuela, deixando pelo menos 80 mortos e 11 mil deslocados, centenas deles para o país vizinho, em meio a operações militares para proteger civis.
"Estima-se que mais de 80 pessoas tenham perdido a vida, mais de 20 estejam feridas", assinalou, em um comunicado, neste domingo, William Villamizar, governador do departamento de Norte de Santander, ao qual pertence a conflituosa região do Catatumbo.
Cerca de 11.000 pessoas fugiram de suas terras na região de Catatumbo (nordeste) devido aos confrontos entre rebeldes do Exército de Libertação Nacional (ELN) e dissidentes das extintas Farc, que se recusaram a assinar um acordo de paz em 2016.
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"Estamos diante de uma das maiores e mais graves crises humanitárias que Catatumbo enfrentou, se não a maior (...). Em apenas quatro dias, pelo menos 11.000 pessoas deslocadas foram reportadas e pode haver muitas mais", relatou Iris Marín, chefe da Defensoria do Povo, em um vídeo publicado na rede social X.
"Há ataques indiscriminados contra combatentes e civis acusados de colaborar com um grupo ou outro", acrescentou.
Hoy, la Defensora del Pueblo Iris @MarnIris estuvo en Ocaña, Norte de Santander, para hacer seguimiento a la crisis humanitaria en el Catatumbo a causa del conflicto armado en la región.
— Defensoría del Pueblo (@DefensoriaCol) January 20, 2025
En 4 días se han reportado al menos 11.000 personas desplazadas en Tibú, Ocaña y Cúcuta.… pic.twitter.com/dnoDFmGR8S
Anteriormente, Villamizar havia estimado o número de deslocados em 5.000.
Em Catatumbo, região montanhosa assolada por plantações de droga, houve cerca de cinco combates, mas "o resto foram ações de assassinato" dos rebeldes do ELN, que vão "com uma lista na mão" à procura de quem querem matar, explicou à imprensa o comandante do Exército, general Luis Emilio Cardozo.
Em outra região do norte do país, o ELN teve confrontos com o Clã do Golfo, o maior cartel de drogas da Colômbia, com um balanço de nove mortos, segundo as autoridades. Em todo o país, já são quase 90.
Devido à investida do ELN, o presidente Gustavo Petro ordenou a suspensão das negociações de paz com esta guerrilha, à qual acusou de cometer "crimes de guerra".
Mais de 5 mil membros da força pública foram mobilizados para a região "para reforçar a segurança do Norte de Santander", informou o Exército em um comunicado.
O Ministro da Defesa, Iván Velásquez, está na cidade fronteiriça de Cúcuta (capital do departamento) para liderar a ofensiva militar contra as guerrilhas.
Civis assassinados
"Temos falado com as comunidades e também lhes oferecemos proteção em nossas bases militares", expressou o comandante do Exército, general Luis Emilio Cardozo.
Ele acrescentou que a força pública estava mobilizada para garantir a chegada de alimentos às áreas em conflito e a saída de pessoas para locais seguros.
Os militares resguardam os albergues improvisados em vários municípios como Tibú, o povoado com mais cultivos de entorpecentes do mundo, segundo a ONU.
Cardozo disse que a guerrilha planejou "em detalhe" atacar a população civil desprotegida. Os rebeldes "chegaram a suas casas, os tiraram dali, os assassinaram", confirmou.
Por causa do conflito, as aulas foram suspensas em todo o Catatumbo e vários centros de ensino foram transformados em refúgios. Foi declarado alerta laranja no setor da saúde.
O governador Villamizar pediu às guerrilhas que "cessem os confrontos, respeitem os direitos humanos e habilitem corredores humanitários que permitam às famílias se deslocarem sem pôr suas vidas em risco".