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Confrontos na mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém terminam em mais de 350 detidos

Os confrontos dentro de um dos locais mais simbólicos do mundo para os muçulmanos coincidem com as celebrações do Ramadã muçulmano e da Páscoa judaica

Confrontos na mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém terminam em mais de 350 detidosConfrontos na mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém terminam em mais de 350 detidos - Foto: Ahamad Gharabli / AFP

A polícia de Israel anunciou a detenção de mais de 350 pessoas durante confrontos violentos na madrugada desta quarta-feira (5) na mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém.

Os confrontos dentro de um dos locais mais simbólicos do mundo para os muçulmanos coincidem com as celebrações do Ramadã muçulmano e da Páscoa judaica, em um clima de grande tensão entre israelenses e palestinos desde o início do ano.

O movimento islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza, denunciou um "crime sem precedentes" e convocou os palestinos da Cisjordânia ocupada "a comparecerem em massa à mesquita de Al-Aqsa para defendê-la".

O templo fica na Esplanada das Mesquitas, o terceiro local mais sagrado do Islã, em Jerusalém Oriental, o setor palestino da Cidade Sagrada ocupado e anexado por Israel. A Esplanada está construída sobre o que os judeus chamam de Monte do Templo, o local mais sagrado do judaísmo.

"Os líderes de ambas as partes devem agir de forma responsável e se abster de qualquer medida suscetível de exacerbar as tensões", afirmou o mediador da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, em um comunicado, declarando-se "consternado".

"A violência não tem lugar em um local sagrado e durante um período sagrado", tuitou o Escritório americano de Assuntos Palestinos.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também se manifestou nesse sentido, dizendo-se "impactado e consternado" com "a violência e as agressões" das forças israelenses dentro da mesquita, conforme seu porta-voz, Stéphane Dujarric.

"Este momento do calendário, santo para os judeus, os cristãos e os muçulmanos, deveria ser de paz, e não de violência", declarou Guterres.

A Casa Branca também se pronunciou.

"Continuamos extremamente preocupados com a violência contínua e pedimos a todos os lados que evitem mais escalada", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, à imprensa. "É imperativo, agora mais do que nunca, que israelenses e palestinos trabalhem juntos para desescalar essa tensão e restaurar a calma", completou.

A calma retornou durante a manhã ao complexo, com os arredores sob forte esquema de segurança da polícia israelense, que controla o acesso à esplanada. Visitantes judeus, escoltados por guardas, percorreram por alguns minutos o local.

As forças de segurança de Israel entraram durante a noite na mesquita, "quebrando portas e janelas", quando os fiéis estavam no local para rezar, relatou Abdelkarim Ikraiem, um palestino de 74 anos que estava no templo.

Eles carregavam "cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e bombas de fumaça, e agrediram os fiéis", declarou à AFP.

O Crescente Vermelho palestino informou ter atendido, hoje, pelo menos 37 feridos.

Explosões
A polícia israelense divulgou um vídeo que mostra explosões do que pareciam ser fogos de artifício dentro do santuário e o que parecem ser pessoas atirando pedras.

Em outro vídeo da polícia, agentes da tropa de choque avançam em direção à mesquita e usam escudos como proteção aos disparos de foguetes.

As imagens mostram uma porta cercada por barricadas, fogos de artifício em um tapete e a polícia retirando pelo menos cinco pessoas algemadas.

Em um comunicado, a polícia denuncia a ação de "vários jovens criminosos e agitadores mascarados que entraram com fogos de artifício, pedaços de pau e pedras" na mesquita.

"Os líderes ficaram entrincheirados dentro da mesquita durante várias horas (após a última oração vespertina) para perturbar a ordem pública e profanar a mesquita, enquanto gritavam frases que incitavam o ódio e a violência", acrescenta a nota.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que as forças de segurança se viram "obrigadas a agir para restabelecer a ordem" frente aos "extremistas".

"Ação determinada"
O ministro israelense da Segurança Interna, Itamar ben Gvir, acusou os palestinos que foram retirados da mesquita de tentativa de "ferir e matar policiais, e ferir cidadãos israelenses". Ele elogiou a "ação rápida e determinada" da polícia.

Após os confrontos em Al-Aqsa, vários foguetes foram disparados a partir do norte da Faixa de Gaza em direção ao território de Israel.

Em represália, o Exército israelense executou ataques aéreos contra o que afirmou que eram instalações militares do Hamas na Faixa de Gaza, onde dezenas de pessoas haviam protestado horas antes. Os manifestantes queimaram pneus e prometeram "defender e proteger a mesquita de Al-Aqsa.

O conflito palestino-israelense ficou ainda mais tenso nos últimos meses, após a posse em dezembro de um dos governos mais à direita da história de Israel.

A violência deixou quase 110 mortes desde janeiro e foi retomada no fim de semana passado, após uma calma relativa que era observada desde o início do Ramadã, em 23 de março.

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