Congelados, antepassados dos vírus preocupam cientistas em meio ao aquecimento global
Especialistas europeus elaboraram simulações dos possíveis cenários do que ocorrerá após o processo de derretimento das geleiras e a eventual liberação de patógenos no meio ambiente
O derretimento das geleiras iniciado pelo impacto das mudanças climáticas está causando preocupação para a comunidade científica, que vai além do aumento do nível dos oceanos. Um estudo recente, realizado por pesquisadores do Centro de Pesquisa Conjunta da Comissão Europeia aponta para os riscos do ressurgimento de microrganismos milenares no meio ambiente por conta do derretimento do permafrost (subsolo da crosta terrestre congelado).
A ideia do reaparecimento de patógenos com mais de seis mil anos de existência, antes associada à histórias do gênero de ficção científica, pode estar prestes a se tornar real. Por isso, o ecologista Giovanni Strona e sua equipe empreenderam experimentos de evolução artificial nos quais esses seres, considerados próximos a vírus do passado, invadem comunidades de hospedeiros semelhantes a bactérias.
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Foi descoberto que os patógenos invasores conseguem sobreviver e evoluir na microbiota moderna, com cerca de 3% deles como dominantes. Além disso, 1% deles produziram resultados imprevisíveis. Alguns deste grupo causaram a extinção de até um terço das espécies hospedeiras, enquanto outros aumentaram a diversidade em até 12%, em comparação com as simulações onde não foram inseridos no ambiente.
De acordo com a publicação, os riscos vinculados aos 1% parecem pequenos, mas, devido ao grande número de micróbios antigos regularmente liberados nos últimos anos do termafrost, os eventos de surtos de doenças são existentes. As novas descobertas alertam que eles podem poderosos impulsionadores de mudanças ecológicas e ameaças à saúde humana.
Lombriga com mais de 40 mil anos volta à vida
Um grupo de lombrigas minúsculas já extintas, de uma espécie do final do Pleistoceno (a era dos mamutes lanudos), chamada Panagrolaimus kolymaensis, foi reanimada à vida. O verme, com pelo menos 46 mil anos, foi encontrado em um estado dormente chamado criptobiose, no qual os seres param até que seus processos corporais se tornem indetectáveis.
O processo de reavivamento se deu há pelo menos cinco anos, após cientistas russos recuperarem as lombrigas do permafrost com a toca de um esquilo ártico extinto, a 40 metros da superfície do afloramento Duvanny Yar no rio Kolyma, na região nordeste da Sibéria.