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EUA

Congressistas dos EUA apresentam resolução desculpando-se por golpe de Pinochet no Chile

Documento apresentado nesta quinta-feira insta o governo dos EUA a tornar públicos mais registros sobre o fato

Projeção da imagem do presidente deposto pelo golpe no Chile, Salvador Allende, e da mulher dele, Hortensia Bussi, na fachada do Palácio de La Moneda Projeção da imagem do presidente deposto pelo golpe no Chile, Salvador Allende, e da mulher dele, Hortensia Bussi, na fachada do Palácio de La Moneda  - Foto: Javier Torres / AFP

Diversos congressistas dos Estados Unidos apresentaram, nesta quinta-feira, uma resolução que pede desculpas pelo papel de Washington no golpe de Estado de Augusto Pinochet no Chile e insta o governo americano a tornar públicos mais documentos sobre o fato. Os legisladores expressam "profundo pesar pela contribuição dos Estados Unidos na desestabilização das instituições políticas do Chile e do processo constitucional", diz o texto.

E também por ter contribuído para "a consolidação da ditadura militar repressiva do general Pinochet", acrescenta a resolução na véspera da chegada do presidente chileno, o esquerdista Gabriel Boric, a Washington após ter participado da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Depois de mil dias no poder, quando Salvador Allende (1970-1973) estava disposto a convocar um plebiscito na tentativa de sair da profunda crise política e econômica que o país vivia, o presidente foi deposto pelas Forças Armadas lideradas por Pinochet, apoiado pelos Estados Unidos em um contexto de Guerra Fria contra a influência soviética.

Nas últimas semanas, a pedido do Chile, o Departamento de Estado tornou públicos fragmentos de dois documentos de 1973 demonstrando que o ex-presidente americano Richard Nixon sabia dos planos dos militares de depor Allende. Mas os congressistas avaliam que Biden deve ir além.

"A plena prestação de contas" requer que sejam publicados e tornados públicos "os arquivos restantes dos Estados Unidos relacionados aos fatos de antes, durante e depois do golpe militar", aponta a resolução.

Segundo arquivos que tiveram o sigilo suspenso, Nixon deu ordens para que a agência de inteligência americana (CIA) "fizesse com que a economia gritasse" e bloqueasse de forma sigilosa a posse de Allende.

Sob a supervisão do então assessor de Segurança Nacional, Henry Kissinger, a CIA se esforçou para fomentar um "clima golpista" e "criar as melhores condições possíveis" para conduzir os militares ao poder.

"Devemos deixar claro que lamentamos nossa participação e nos comprometemos a apoiar a democracia chilena", afirma, em nota, o congressista independente Bernie Sanders, um dos impulsionadores da resolução, juntamente com os democratas Tim Kaine, Alexandria Ocasio-Cortez, Joaquín Castro e Greg Casar.

Ocasio-Cortez pede que se reconheça o "passado complicado" dos Estados Unidos e a divulgação de mais arquivos porque "há muitas perguntas pendentes" e "o povo do Chile e as vítimas da violência de Pinochet merecem respostas".

A resolução "parabeniza o povo chileno pela reconstrução de uma democracia forte e resiliente" e expressa o compromisso do Congresso americano em participar dos esforços para esclarecer a verdade.

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