Congressistas dos EUA pedem que Biden cancele visto de Bolsonaro
Em carta, grupo de 46 congressistas "se investigue qualquer ação tomada em solo americano para ajudar a insurreição e que se revogue qualquer visto americano" que tenha Bolsonaro
Um grupo de 46 congressistas democratas pediu ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que revogue o visto do ex-presidente Jair Bolsonaro, dias depois do ataque de bolsonaristas radicais contra as sedes dos Três Poderes em Brasília.
Em uma carta, o grupo pede que "se investigue qualquer ação tomada em solo americano para ajudar a insurreição e que se revogue qualquer visto americano" que tenha Bolsonaro, que viajou aos Estados Unidos pouco antes da posse de seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 1º de janeiro, informaram os legisladores em comunicado.
Supõe-se que Bolsonaro continua em Orlando, onde chegou a ser hospitalizado por problemas digestivos antes de receber alta na terça-feira.
Como ele entrou nos Estados Unidos ainda como presidente, é possível que tenha utilizado um visto A-1, reservado a pessoas em visita diplomática ou oficial.
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"Como ele já não é o presidente do Brasil nem exerce cargo atualmente como funcionário brasileiro, lhe pedimos que volte a avaliar o status dele no país para determinar se existe base legal para sua estada e revogar qualquer visto diplomático que ele possa ter", afirmam os congressistas.
"Não devemos permitir que Bolsonaro nem nenhum outro ex-funcionário brasileiro se refugie nos Estados Unidos para escapar da Justiça por qualquer crime que tenham cometido durante seu mandato, e devemos cooperar plenamente com qualquer investigação do governo brasileiro sobre suas ações, se isto for solicitado", escreveram.
Nesse sentido, pedem também que o Departamento de Justiça e outras agências federais responsabilizem qualquer indivíduo ou organização baseada na Flórida "que possa ter financiado ou apoiado" a violência de 8 de janeiro.
Biden ofereceu seu apoio "inabalável" à democracia brasileira durante um telefonema com Lula, a quem convidou para visitar a Casa Branca em fevereiro.
Ontem, em uma coletiva de imprensa, o secretário de Estado, Antony Blinken, disse que os Estados Unidos não receberam nenhum pedido do Brasil, mas ressaltou que responderia "rapidamente" caso recebesse.
"Com relação às pessoas, agora estamos falando de pessoas que são cidadãos particulares" e "não é apropriado fazer comentários sobre o estado do visto de ninguém", afirmou.
No documento, os congressistas acusam Bolsonaro de ter ameaçado as instituições democráticas durante o seu mandato e de ter promovido a ideia de que o sistema de votação com urnas eletrônicas era fraudulento.
"Sua difusão de desinformação, sua recusa a pedir a seus partidários que aceitassem os resultados das eleições e suas convocações ativas para realizar mobilizações contra as instituições democráticas incitaram milhares de manifestantes a invadir edifícios governamentais e a participar de atos violentos", argumentam.
Os Estados Unidos vivenciaram cenas similares aos ataques do último domingo em Brasília, quando simpatizantes do ex-presidente republicano Donald Trump invadiram o Capitólio, em janeiro de 2021, para tentar impedir a confirmação da vitória eleitoral de Biden.