Logo Folha de Pernambuco

EUA

Congresso americano aprova abertura de processo contra Bannon por desacato

O processo envolve a invasão do Capitólio, sede do Legislativo americano, por apoiadores de Trump em 6 de janeiro

Steve Bannon é dono do portal de notícias Breitbart News, que funciona como uma caixa de ressonância de setores mais à direita do Partido Republicano Steve Bannon é dono do portal de notícias Breitbart News, que funciona como uma caixa de ressonância de setores mais à direita do Partido Republicano  - Foto: Drew Angerer/AFP

Leia também

• Restos humanos achados na Flórida são de namorado de influenciadora morta nos EUA

• Guterres preocupado com possível fracasso da COP26

• Fórmula 1 chega ao GP dos EUA em momento decisivo do campeonato

A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou nesta quinta (21) a abertura de processo criminal por desacato contra Steve Bannon, aliado do ex-presidente Donald Trump e nome importante da ultradireita global, influente também no Brasil por meio de figuras como Olavo de Carvalho e Eduardo Bolsonaro.

A decisão contou com 229 votos a favor -nove republicanos se juntaram à maioria democrata da Casa- e 202 contra. Desacato ao Congresso leva a pena de até um ano de prisão e multa de US$ 100 mil (R$ 566 mil).

O processo envolve a invasão do Capitólio, sede do Legislativo americano, por apoiadores de Trump em 6 de janeiro. Bannon se recusou a prestar depoimento e a cumprir intimações de busca de documentos. Caberá agora ao Departamento de Justiça decidir se prosseguirá com a acusação criminal.

Estrategista da campanha de 2016 do republicano, Bannon afirma não ter colaborado com a investigação sob o argumento de que as comunicações de Trump são protegidas por privilégio executivo, que preserva a confidencialidade de certos registros da Casa Branca -posição que não é consenso entre especialistas.

Com base nessa justificativa, o ex-presidente busca uma liminar para não ter que apresentar documentos relacionados ao ataque. Na segunda (18), ele abriu uma ação judicial contra o comitê do Congresso que investiga o ataque ao Capitólio para tentar bloquear o acesso a cerca de 50 registros de decisões tomadas por ele e aliados durante o ataque de 6 de janeiro, duas semanas antes da posse de Joe Biden.

Nessa data, já na história americana como um dos maiores atentados contra a democracia do país, os congressistas estavam reunidos para certificar a vitória do democrata na eleição presidencial.

Ainda não se sabe como o Departamento de Justiça vai agir. Nesta quinta, o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, disse em uma audiência do Comitê Judiciário da Câmara que o órgão vai "aplicar os fatos e a lei" e tomar decisões "consistentes com os princípios da acusação".

O estatuto que estabelece o crime de desacato ao Congresso, aprovado em 1857, afirma que o Departamento de Justiça tem o dever de levar o réu a um júri. Mas o Departamento de Justiça tem afirmado historicamente que toma a decisão final sobre se processa indivíduos que desafiam as intimações do Congresso. A última acusação bem-sucedida por desacato ao Congresso foi em 1974, quando um juiz considerou G. Gordon Liddy, envolvido no escândalo do Watergate, culpado.

Quando ainda ocupava a Casa Branca, Trump usou o privilégio executivo em situações controversas. Em 2018, impediu que senadores tivessem acesso a mais de 100 mil páginas de registros da época em que o juiz Brett Kavanaugh, seu indicado para a Suprema Corte, trabalhava para o governo de George W. Bush.

Em outra ocasião, em 2019, vetou a entrega ao Congresso de um relatório que investigava a suspeita de que a Rússia teria interferido em seu favor na campanha eleitoral de 2016.

Pelo menos outras três figuras próximas a Trump estão sendo investigadas pelo comitê de deputados: Mark Meadows, que foi chefe de gabinete, Kash Patel, ex-assessor de Segurança Nacional, e Dan Scavino, diretor de mídia social da Casa Branca na gestão republicana.

O comitê espera que a ameaça de punição de prisão, uma vez que desacato pode levar a um ano de detenção, além de multa de US$ 100 mil, encoraje a cooperação desses investigados, que fazem parte de um grupo de 18 aliados e organizadores do protesto intimados para depor.

Além de estremecer as bases das instituições democráticas dos EUA, a invasão do Capitólio, arquitetada por uma multidão de apoiadores insuflados pelo discurso falacioso de Trump acerca de uma suposta fraude nas eleições, deixou cinco mortos e feriu 140 policiais.

Desde então, mais de 600 pessoas enfrentam acusações criminais em decorrência das ações.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter