Congresso analisa denuncia do MP para iniciar julgamento preliminar de Castillo
Presidente peruano é acusado de chefiar organização criminosa
Uma comissão do Congresso do Peru, dominado pela oposição de direita, começou a analisar nesta sexta-feira (14) uma denúncia do Ministério Público para iniciar um julgamento preliminar contra o presidente de esquerda Pedro Castillo, acusado de organização criminosa.
A presidente da Subcomissão de Acusações Constitucionais, Lady Camones, anunciou que a denúncia constitucional apresentada na terça-feira pela procuradora-geral, Patricia Benavides, foi incluída no processo e será enviada por correio aos deputados que integram a Subcomissão para análise.
A subcomissão é o primeiro obstáculo que a denúncia do Ministério Público contra o presidente deve superar no Congresso.
Se a queixa for declarada admissível, será iniciado um julgamento de impeachment contra Castillo no Parlamento, que pode durar entre dois e três meses, e que pode levar à sua suspensão do cargo.
O plenário do Congresso é a única instância que pode decidir o destino do presidente, eleito no ano passado para governar até julho de 2026.
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A tese do Ministério Público é que o presidente comanda uma rede de corrupção de lavagem de dinheiro e concessão de contratos de obras públicas composta por seu entorno familiar e político.
É a primeira vez que o Ministério Público denuncia um presidente no cargo no Peru.
A denúncia inclui dois ex-ministros acusados de tráfico de influência: Juan Silva, ex-chefe de Transportes e Comunicações, e Geiner Alvarado, ex-chefe de Habitação, acusados de fazer parte da organização que Castillo supostamente comanda desde a Presidência.
O presidente peruano acumula seis inquéritos contra ele desde que assumiu o cargo, há 15 meses. Os casos incluem seu entorno familiar, como sua esposa, cunhados e sobrinhos.
Desde que chegou ao poder, Castillo vive sob o cerco da acusação e do cerco de um Congresso dominado pela direita que exige sua renúncia e já tentou destitui-lo duas vezes.
Castillo, professor rural como sua esposa, nega que sua família tenha cometido crimes e diz ser vítima de uma campanha para retirá-lo do poder.