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Equador

Congresso do Equador absolve ministra julgada por crise de segurança

Após a votação, a presidente do Parlamento, Viviana Veloz, encerrou a sessão

EquadorEquador - Foto: AFP

O Congresso do Equador absolveu nesta quarta-feira (23) a ministra do Interior, Mónica Palencia, julgada politicamente pelo descumprimento de suas funções na crise de segurança gerada pela violência do narcotráfico.

A oposição não conseguiu reunir 92 dos 137 votos para censurar e destituir Mónica, símbolo da luta contra o crime organizado, segundo a transmissão ao vivo do julgamento. A moção para a saída da ministra obteve 77 votos a favor e 40 contra entre os parlamentares presentes, enquanto 16 se abstiveram.

Após a votação, a presidente do Parlamento, Viviana Veloz, encerrou a sessão, que durou oito horas. Caso fosse destituída, Mónica ficaria inabilitada para exercer cargos públicos por dois anos.

O governo não reagiu à resolução do Legislativo, que abriu o impeachment após dois atentados com explosivos "de alto poder" ocorridos na noite de ontem na cidade costeira de Machala, que deixaram várias casas destruídas e que corresponderam "ao confronto entre organizações criminosas", segundo a governadora Carolina Carrillo.

Os acontecimentos em Machala, capital de El Oro, uma das seis províncias mais violentas do país e declaradas sob estado de exceção, deixaram um ferido, segundo a polícia.

Novos ataques
Mónica Palencia, rosto do governo em sua luta contra a criminalidade galopante no Equador, apresentou sua defesa frente às acusações de 2 dos 48 legisladores alinhados ao ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017) de falta de um plano de segurança para enfrentar o narcotráfico, que disputa áreas de poder.

Antes, a congressista interpelante Paola Cabezas, do partido Revolução Cidadã, denunciou outros ataques. "Não são apenas os atentados de Machala. Seis mortes na modalidade do assassinato por encomenda em Guayaquil, assassinam uma mãe com sete meses de gravidez" e "uma colega legisladora me diz que (na província amazônica de) Orellana há oito mortos", registrados nas últimas horas, afirmou.

A polícia não se pronunciou sobre os supostos crimes em Guayaquil e Orellana citados pela parlamentar.

Durante o processo de qualificação do julgamento, o correísmo também criticou Mónica pela incursão da força pública na embaixada mexicana em Quito para capturar o ex-vice-presidente Jorge Glas, a quem o México havia concedido asilo. Por causa da incursão, o México acionou o Equador perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ) e retirou seu pessoal do país.

Leonardo Berrezueta, outro interpelante, assinalou que a ministra deve responder pela "inexistência de um plano de segurança concreto" pela "profunda crise de segurança que continua afetando o Equador" e pela fuga do líder da temida quadrilha Los Choneros, Adolfo Macías (conhecido como Fito), que provocou uma investida do narcotráfico em janeiro.

O Equador se tornou um dos países mais violentos do mundo. As mortes violentas passaram de 6 por 100.000 habitantes em 2018 para o recorde de 47 por 100.000 habitantes em 2023, segundo números oficiais. Em 2024, até o momento a taxa é de 31/100.000.

Paralelamente, o país apreendeu entre janeiro e outubro deste ano um recorde de 232 toneladas de drogas, frente a 219 toneladas em 2023.

Para combater o narcotráfico, o presidente Daniel Noboa, que conta com o apoio de 40 votos do seu partido e de aliados no Congresso, declarou o país em conflito armado interno e ordenou que os militares travassem uma guerra contra as cerca de 20 quadrilhas com vínculos com cartéis internacionais, como o mexicano de Sinaloa.

Mónica disse no Parlamento que "dois alvos de alto valor" foram detidos, referindo-se aos líderes da organização Los Tiguerones detidos na Espanha, que teriam envolvimento na ocupação armada da sede da emissora TC Televisión em Guayaquil (sudoeste), em janeiro, e no assassinato de um promotor.

Devido ao julgamento, Noboa, que assumiu o cargo em novembro passado, cancelou ontem uma viagem ao Brasil, onde participaria de um evento sobre mudanças climáticas.

O Executivo afirma que conseguiu reduzir em 17% os homicídios no período de janeiro a outubro deste ano (5.295 assassinatos) em relação ao mesmo período de 2023 (6.406).

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