Congresso do Peru continua paralisado enquanto protestos seguem firmes
Discussões queriam eleições gerais em até 120 dias e convocação de uma assembleia constituinte
O Congresso do Peru adiou, nesta quinta-feira (2), o início de um novo debate sobre a antecipação das eleições para este ano, enquanto acontecem novos protestos, que também passaram a criticar o papel da imprensa na crise.
A discussão do projeto de lei, que propõe a realização de eleições gerais dentro de 120 dias e de um referendo para consultar a população sobre a convocação de uma assembleia constituinte, estava marcada para começar pela manhã, mas foi adiada para o período da tarde.
O texto foi apresentado pelo congressista Jaime Quito, do partido de esquerda Perú Libre.
Na quarta-feira, o Congresso rechaçou mais uma vez um projeto que contemplava eleições em 2023, uma decisão que a Presidência do Peru lamentou e diante da qual apresentou "imediatamente" outra iniciativa para a realização do pleito em outubro deste ano.
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Ao assumir o comando do país em 7 de dezembro com a destituição e detenção de seu antecessor Pedro Castillo, que tentou dissolver o Congresso e governar por decreto, a então vice-presidente Dina Boluarte anunciou que concluiria o mandato oficial, em 2026.
Mas a eclosão dos protestos exigindo sua renúncia fez com que ela solicitasse o adiantamento das eleições ao Congresso, que, em um primeiro momento, aprovou antecipar a votação para abril de 2024.
Contudo, os protestos não cessaram e também desembocaram em incidentes de violência entre manifestantes e policiais, com 48 mortes até o momento. Diante disso, Boluarte pediu ao Congresso uma nova antecipação, para este mesmo ano de 2023.
Em paralelo à crise política, os protestos continuaram nesta quinta em diversas partes do país, inclusive na capital Lima, onde, pela manhã, manifestantes de Puno e Cusco (sudeste) se mobilizaram em frente às principais emissoras privadas de televisão do país.
"Vocês não dizem a verdade"; "Imprensa genocida", diziam os cartazes de alguns manifestantes que denunciavam o que consideram uma cobertura enviesada em favor do governo Boluarte.
A presidente, no entanto, insistiu hoje em que os protestos não vão fazer com que o governo "baixe a cabeça nem a moral".
"Permanecemos firmes na defesa da democracia e da estabilidade do país", disse Boluarte durante um evento em Piura (noroeste), e sugeriu que "a violência e o radicalismo" de algumas manifestações são incitados pelo ex-presidente Castillo.
No sul andino, região historicamente marginalizada, os bloqueios de estradas continuam.
Na região de Junín, dezenas de moradores mantêm bloqueada a rodovia central, principal via para o transporte de alimentos à capital, enquanto em Cusco também há uma greve de trabalhadores e outros atos de protesto.