Conscientização sobre hanseníase entra em foco com 'Janeiro Roxo'; saiba como se prevenir e tratar
Assunto ganha destaque com o Janeiro Roxo, criado para alertar sobre prevenção e tratamento precoce da doença, ainda tão estigmatizada
Dos diversos males provocados pela discriminação, um deles é criar uma aversão ao conhecimento sobre temas que, quando explicados, ajudam a derrubar estigmas negativos. Há séculos, a hanseníase, antes chamada de lepra, carregou o peso de ser um “sinal de impureza” do ser humano, por conta das marcas na pele. Neste mês, o assunto ganha destaque no “Janeiro Roxo”, época dedicada à conscientização, prevenção e tratamento precoce da doença. Oportunidade para aumentar o debate e minimizar o risco de transmissão. Tanto da enfermidade como do preconceito.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase no mundo, atrás apenas da Índia. Em média, 30 mil pessoas são infectadas todo ano no País. A doença é causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen, com transmissão no ar, por gotículas de saliva, ou secreções do nariz. Tocar a pele do paciente não transmite a enfermidade.
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Segundo a dermatologista Cláudia Magalhães, a disseminação acontece principalmente em áreas de menor poderio econômico. "No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde há mais desigualdade econômica, a alimentação geralmente não é propícia, nem os espaços de convívio. A bactéria se desenvolve mais forte", explicou, alertando para o combate ao preconceito sobre o tema. "A doença é muitestigmatizada. Antigamente, as pessoas eram colocadas em setores afastados dos hospitais. Muitos têm medo de expor que estão ou já tiveram o problema. O importante é saber como evitá-la e, se contrair, tratá-la", completou.
A hanseníase pode se apresentar por lesões na pele: manchas brancas, avermelhadas, com ou sem alterações de sensibilidade (calor, frio, dor, tato); alteração de perda de pêlos (perda das sobrancelhas ou qualquer parte do corpo); ausência de sudorese em determinada área do corpo; ferimentos que não cicatrizam nos pés; inchaço no nariz, nas mãos e pés. Alguns desses sintomas acometeram a balconista Joyce Silva, de 20 anos.
[Podcast FolhaPE] Canal Saúde - Janeiro roxo alerta para o risco da hanseníase
"Eu descobri através das manchas na mão. Eu pensei que era pano branco, mas não passou. Minha mãe foi em um posto de saúde e marcou uma consulta. Chegando lá, a médica aplicou um teste na região. Eu não sentia o toque no local. Fiquei com medo de perder a sensibilidade, mas me tratei e me recuperei", disse a jovem.
Raquel Beltrão, médica dermatologista do Hospital Jayme da Fonte, explica como funciona o tratamento. "Tudo é realizado por medicamentos fornecidos pelos serviços públicos em postos de saúde. São medicações em comprimidos, entregues de forma gratuita, no período de seis meses até 12 meses, podendo ser prorrogado caso haja indicação médica. É uma doença curável, mas, se diagnosticada tardiamente, pode provocar sequelas neurológicas, com deformidades. O mais importante é o diagnóstico precoce. Se um indivíduo estiver com a doença, todos que vivem próximos devem ser avaliados", salientou.
Como prevenção, é sempre importante manter os cuidados básicos com a higiene (principalmente lavagem de mãos), além de tomar a vacina BCG, feita para combater a tuberculose, mas eficiente também para oferecer proteção contra a hanseníase.