Conselho de Segurança se prepara para discutir ataque a hospital infantil em Kiev
Autoridades e organizações do conselho condenaram o ataque, incluindo o Brasil, que não citou a Rússia em nota oficial
À medida que o Conselho de Segurança da ONU se prepara para discutir o tema e autoridades e organizações internacionais condenavam os ataques, que deixaram ao menos 38 mortos em todo o país, equipes de serviços de emergência da Ucrânia continuavam a retirar escombros e procurar vítimas no Hospital Pediátrico Okhmatdyt, bombardeado pela Rússia na segunda-feira (8), na manhã desta terça-feira (9)
O Papa Francisco expressou "profunda dor" pelo ataque massivo da segunda-feira, enquanto uma missão da ONU informou que todos os indícios apontam para um ataque direto russo no bombardeio ao hospital contra Kiev. O Brasil condenou o ataque, sem citar Moscou.
Pouco após o ataque ser noticiado pelas autoridades ucranianas, a Rússia rebateu os relatos de ataque direto ao hospital infantil, alegando que os danos teriam sido causados por um míssil de defesa antiaéreo ucraniano.
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Contudo, um monitor de direitos humanos da ONU na Ucrânia afirmou, a partir de análises de vídeo e do local do ataque, que o prédio muito provavelmente foi bombardeado diretamente por um míssil russo.
Segundo o governo ucraniano, um míssil de cruzeiro russo Kh-101 atingiu o hospital pediátrico. Especialistas em munição que analisaram vídeos do bombardeio, ouvidos pela rede britânica BBC, afirmaram que o projétil era um míssil lançado do ar, com perfil compatível com o Kh-101.
Moscou reiterou nesta terça-feira que as forças russas atacam apenas instalações militares.
O Conselho de Segurança da ONU anunciou que o ataque será tema de uma reunião nesta terça-feira, convocada por uma série de países, incluindo Reino Unido, França e EUA. A Rússia ocupa a Presidência do conselho neste momento.
Quase 400 socorristas e centenas de voluntários trabalharam na segunda-feira no hospital de Okhmatdyt para ajudar a retirar os escombros e procurar sobreviventes, segundo Zelensky. Duas pessoas, um médico e um visitante, morreram no hospital e outras vítimas podem estar sob os escombros, informaram funcionários do governo municipal.
Trinta e oito pessoas morreram em todo o país na segunda-feira, incluindo quatro crianças, e 190 ficaram feridas depois que quase 40 mísseis russos atingiram diversas cidades, de acordo com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que decretou um dia de luto na capital.
Ao redor do mundo, as reações ao ataque continuaram nesta terça. No Vaticano, o Papa Francisco externou pesar pelos bombardeios de segunda-feira. "[O Pontífice] recebeu com profunda dor a informação sobre os ataques a dois centros médicos em Kiev, incluindo o maior hospital pediátrico da Ucrânia", afirmou o Vaticano em um comunicado.
Em Washington, o presidente dos EUA, Joe Biden, que recebe nesta terça-feira os chefes da Otan para as comemorações dos 75 anos da aliança militar — que acontece com a guerra na Ucrânia em foco —, disse que o ataque era "um lembrete da brutalidade russa", e apelou para que o mundo continuasse a reforçar as capacidades de defesa aérea de Kiev.
O Itamaraty divulgou uma nota oficial sobre o ataque ao hospital pediátrico no fim da noite de segunda. Sem mencionar a Rússia, o governo brasileiro condenou o bombardeio e disse defender o "diálogo entre as partes" para uma "solução pacífica" do conflito.
"O governo brasileiro reitera sua condenação a ataques em áreas densamente povoadas, especialmente quando acarretam danos a instalações hospitalares e a outras infraestruturas civis, e expressa sua solidariedade às vítimas e a seus familiares. O governo brasileiro continua a defender o diálogo e uma solução pacífica para o conflito na Ucrânia. Até que os atores relevantes se engajem de forma genuína e eficaz em negociações de paz, o Brasil reitera o apelo para que três princípios para a desescalada da situação sejam observados: não expansão do campo de batalha, não escalada dos combates e não inflamação da situação por qualquer parte", diz a nota.