Conselho de Segurança rejeita duas novas resoluções sobre guerra Israel-Hamas
O texto proposto por Washington, votado primeiro, teve 10 votos a favor, 3 contra
O Conselho de Segurança da ONU rejeitou, nesta quarta-feira (25), dois novos projetos de resolução sobre a guerra entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas, apresentados por Rússia e Estados Unidos.
O texto proposto por Washington, votado primeiro, teve 10 votos a favor, 3 contra - entre eles, de Rússia e China, com direito a veto -, e duas abstenções. No total, quatro projetos de resolução sobre o conflito foram rechaçados nos últimos dez dias na ONU por objeções de grandes potências.
Além de condenar "inequivocamente os odiosos ataques terroristas do Hamas e outros grupos", o texto afirmava "o direito de todos os Estados à autodefesa", sem mencionar Israel especificamente.
Leia também
• Biden diz que Israel deve fazer 'tudo o possível' para proteger civis
• Sem plano concreto para o 'dia seguinte' de invasão terrestre a Gaza, Israel preocupa aliados
• Conselho de Segurança voltará a votar sobre conflito Israel-Hamas
Também pedia "pausas humanitárias" para que a ajuda chegue à população de Gaza, submetida a um bloqueio israelense, e à necessidade de continuar trabalhando pela criação de dois Estados, um israelense e outro palestino, convivendo "lado a lado, em paz".
Na semana passada, os Estados Unidos vetaram uma resolução proposta pelo Brasil, que recebeu 12 votos a favor e duas abstenções (de Rússia e Reino Unido) porque o texto não mencionava "o direito de Israel de se defender".
O embaixador russo na ONU, Vassili Nebenzia, tachou o projeto americano de "altamente politizado" por descumprir "os padrões mais básicos de qualidade", nem conter "um chamado de cessar-fogo" dos bombardeios israelenses.
Submetido a votação em seguida, o projeto russo, copatrocinado pela Venezuela apesar de o país sul-americano não fazer parte do Conselho, teve o mesmo destino, evidenciando a divisão entre as principais potências sobre a questão palestina, que não conseguiu pôr em acordo os 15 membros deste fórum sobre a aprovação de uma resolução desde 2016.
O texto russo teve 4 votos a favor, dois contra (Estados Unidos e Reino Unido) e 9 abstenções.
No texto, a Rússia pedia "o estabelecimento imediato de um cessar-fogo humanitário duradouro e plenamente respeitado", e condenava "toda a violência e as hostilidades contra civis".
A vez da Assembleia Geral
Diferentemente de outro projeto rejeitado na semana passada (com o voto favorável de 5 dos 15 membros do Conselho de Segurança), este mencionava especificamente o Hamas e condenava "os ataques abomináveis" do movimento islamista palestino contra Israel em 7 de outubro. Para a França, o fato de não qualificar estes ataques como "terroristas", motivou sua abstenção.
Para ser aprovada, uma resolução requer a aprovação de pelo menos 9 dos 15 membros do Conselho, sem o veto de nenhum dos cinco membros permanentes (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China).
Malta, um dos 10 membros não permanentes do Conselho, vai apresentar uma nova proposta. "Temos o dever e a obrigação de agir", disse a embaixadora Vanessa Frazier.
Enquanto isso, a Assembleia Geral vai abordar a questão israelense-palestina em um debate previsto para esta quinta-feira.
Embora as resoluções da Assembleia, que representa todos os Estados-membros da ONU e onde não há direito a veto, não sejam vinculantes, os países árabes estão trabalhando em um texto que poderá ser submetido a votação esta semana, segundo fontes diplomáticas.
O rascunho, ao qual a AFP teve acesso, pede, em particular, um "cessar-fogo imediato" e o acesso "sem entraves" da ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
Israel lançou uma ofensiva contra Gaza em resposta ao ataque sem precedentes, executado em solo israelense, em 7 de outubro, por milicianos do Hamas, no qual mais de 1.400 pessoas foram mortas. Outras 220 foram feitas reféns, segundo as autoridades israelenses.
O ministério da Saúde de Gaza, chefiado pelo Hamas, afirma que até o momento morreram mais de 6.500 pessoas nos bombardeios israelenses, muitas delas menores de idade.