Conselho de Segurança rejeita pedido russo de investigação de sabotagem do Nord Stream
Brasil votou à favor do texto emitido pela Rússia, enquanto 12 países se abstiveram
O Conselho de Segurança da ONU rejeitou, nesta segunda-feira (27), uma resolução russa que pedia a criação de uma "comissão de investigação internacional independente" sobre a sabotagem dos gasodutos submarinos Nord Stream, em setembro do ano passado.
O texto recebeu três votos a favor (Rússia, China e Brasil), enquanto os outros doze países se abstiveram. A resolução russa era copatrocinada pela China e por países não membros do Conselho, como Belarus, Coreia do Norte, Eritreia, Nicarágua, Venezuela e Síria.
Estes países pediam ao secretário-geral da ONU, António Guterres, a criação de uma comissão para "realizar uma investigação internacional exaustiva, transparente e imparcial sobre todos os aspectos da sabotagem dos gasodutos Nord Stream 1 e 2, assim como a identificação dos autores, os mandantes, organizadores e cúmplices".
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A Rússia considera ter sido "afastada" das investigações realizadas por Suécia, Alemanha e Dinamarca sobre a sabotagem de 26 de setembro de 2022, quando as explosões submarinas da tubulação que transporta gás russo para a Europa provocaram grandes vazamento de gás.
"Temos dúvidas importantes fundamentadas sobre a objetividade e a transparência das investigações nacionais realizadas por alguns Estados europeus", disse nesta segunda-feira o embaixador russo na ONU, Vassili Nebenzia.
Nebenzia também manifestou suas "suspeitas" de ações realizadas sob a cobertura das investigações para "esconder provas e limpar a cena do crime".
"Acredito que, depois da votação de hoje, as suspeitas sobre quem está por trás da sabotagem do Nord Stream são evidentes", completou.
Vários membros do Conselho rejeitaram a ideia de uma investigação internacional, porque confiam nos três países que realizaram as investigações e porque consideram que a Rússia tenta desviar a atenção sobre a invasão da Ucrânia.
Esta resolução era "uma tentativa de desacreditar as investigações nacionais (...) e apagar as futuras conclusões se estas não correspondem à narrativa política predeterminada da Rússia", afirmou o embaixador adjunto dos Estados Unidos, Robert Wood.
Wood também rejeitou "categoricamente as acusações sem fundamento da Rússia" contra os Estados Unidos.
Uma versão anterior do texto afirmava que as sabotagens ocorreram após "repetidas ameaças dos Estados Unidos contra o Nord Stream". Uma referência que não estava no texto votado nesta segunda-feira.
Seis meses após as explosões que afetaram os gasodutos Nord Stream 1 e 2, ainda é um mistério quem está por trás do ataque.
Em um artigo recente, o jornalista investigativo americano Seymour Hersh escreveu que navios da Marinha americana, com o apoio da Noruega, teriam colocado em junho os explosivos que explodiram três meses depois.
Washington classificou essas informações como "totalmente falsas".
Por sua vez, o New York Times reportou que um "grupo "pró-ucraniano" contrário ao presidente russo, Vladimir Putin, teria sido responsável pelo ataque, segundo informações da inteligência americana.
Kiev desmentiu as acusações e Moscou afirmou tratar-se de uma "operação midiática coordenada".