Considera extinta, ave Mutum será reintroduzida ao habitat por meio de programa
A ave, que só existente em cativeiro nos últimos 30 anos, será reintroduzida em seu habitat a partir de um programa desenvolvido em uma área de meio hectare dentro das terras da Usina Utinga Leão, do Grupo EQM
A volta do mutum-de-alagoas (Praxi mitu) a seu estado de origem foi formalizada em solenidade realizada na manhã desta sexta-feira (22), em Rio Largo (AL). A ave, considerada extinta da natureza e só existente em cativeiro nos últimos 30 anos, será reintroduzida em seu habitat a partir de um programa desenvolvido em uma área de meio hectare dentro das terras da Usina Utinga Leão, do Grupo EQM, do qual também fazem parte a Folha de Pernambuco e o Portal FolhaPE.
A cerimônia para cerca de 200 convidados contou a participação do governador de Alagoas, Renan Filho, e do presidente do Grupo EQM, Eduardo Monteiro. Também esteve presente o diretor adjunto operacional da usina, Eduardo Cunha, além de ambientalistas, empresários, prefeitos e representantes do Ministério Público Estadual e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Leia também:
Mutum, ave extinta na natureza, ganha reduto em Alagoas
Considerada extinta, ave mutum retorna ao seu habitat nesta sexta
Tubarões de Noronha serão monitorados
Animais marinhos mortos no Litoral Sul entram na mira do MP
Na ocasião, foi inaugurado o Centro de Educação Ambiental Pedro Nardeli, em alusão ao homem que, na década de 80, resgatou três mutuns da caça e da destruição da Mata Atlântica no município de Roteiro (AL). Nesta sexta, o presidente do Grupo EQM assinou um convênio de comodato cedendo por 20 anos o uso de uma área dentro da usina para as atividades do Instituto pela Preservação da Mata Atlântica (IPMA), responsável pelo novo centro.
"Celebramos o convênio de comodato por 20 anos, com a pretensão de que essa renovação ocorra por muitas e muitas vezes. É muito gratificante uma usina centenária do estado de Alagoas ter o privilégio de testemunhar um ato de largo alcance como esse, que expressa a capacidade de resistência dessa ave, que a despeito de todas as agressões que sofreu, volta ao solo desse estado", disse Eduardo Monteiro, emocionado.
O presidente do Grupo EQM também defendeu a preservação ambiental como visão de futuro. "O exemplo que vemos hoje aqui mostra como a atividade econômica e o meio ambiente podem andar juntos. Investir em meio ambiente é um ato de empreendedorismo", afirmou.
O governador Renan Filho destacou a iniciativa do Grupo EQM e também o trabalho de Pedro Nardeli e do presidente do IPMA, Fernando Pinto, esse último, entusiasta da volta do mutum-de-alagoas a seu estado de origem após um longo período de reprodução em cativeiro. "Houve ciência, houve preservação ambiental, mas o que salvou essa ave foi o amor dessas pessoas", enfatizou, acrescentando que, agora, o Batalhão Ambiental da Polícia Militar terá a responsabilidade de trabalhar a proteção das aves que forem reintroduzidas à natureza. "O estado de Alagoas assume esse compromisso", declarou.
Estima-se que só haja 230 indivíduos de mutuns-de-alagoas atualmente. Nos últimos 40 anos, após serem resgatados, eles venceram desafios genéticos para se reproduzirem em cativeiro, já que nem todos eram considerados "puros" no que diz respeito à espécie - alguns sofreram cruzamentos. Um casal que era criado pela CRAX Brasil, uma ONG que desenvolve um trabalho de preservação de aves ameaçadas, foi transportado de Minas Gerais para Alagoas na última segunda-feira. O macho e a fêmea têm quatro anos e estão em um viveiro de 350 metros quadrados dentro do novo Centro Pedro Nardeli. Nos próximos seis meses, outros três casais chegarão. Em um segundo momento, as aves serão soltas na natureza.
Nas terras da usina, como nos últimos 21 anos, também seguirão sendo desenvolvidas atividades de educação ambiental voltadas à preservação do mutum-de-alagoas, agora com o reforço de um espaço construído para palestras e exposição de informações sobre a ave dentro do centro.