Consumo de álcool está associado a 61 doenças, mostra estudo de Oxford; saiba quais
Pesquisadores identificaram 33 diagnósticos que não eram ligados às bebidas alcoólicas previamente
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Especialistas há muito alertam sobre os impactos do consumo de álcool na saúde. Agora, um novo estudo de pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e da Universidade Peking, na China, analisou dados de um grande grupo de pessoas e identificou que o aumento no risco de doenças ocorre para 61 diagnósticos – incluindo 33 que não eram previamente ligados às bebidas alcoólicas.
"O consumo de álcool está negativamente relacionado a uma gama muito mais ampla de doenças do que foi estabelecido anteriormente, e nossas descobertas mostram que essas associações provavelmente são causais”, diz o pesquisador de Oxford e principal autor do estudo, Pek Kei Im, em comunicado.
No estudo, publicado nesta semana na revista científica Nature Medicine, os responsáveis analisaram dados do China Kadoorie Biobank (CKB), um grande banco de dados colaborativo que reúne informações de 512 mil adultos no país asiático, recrutados entre 2004 e 2008.
Os pesquisadores investigaram os registros hospitalares e relatos de consumo de bebida alcoólica fornecidos ao longo de 12 anos. Além disso, realizaram uma análise genética para identificar se o surgimento de determinada doença era de fato ligado ou não ao álcool.
Na coorte, cerca de um terço dos homens (33%) dizia beber álcool de forma regular – ao menos uma vez na semana. Já entre as mulheres, apenas 2% relataram a ingestão das bebidas com essa frequência.
Por isso, as conclusões do estudo são atribuídas somente aos riscos entre homens. Os pesquisadores escrevem que “entre mulheres, devido às poucas consumidoras atuais relatadas, houve uma falta de poder estatístico para detectar quaisquer associações de ingestão de álcool autorreferida com riscos de doenças”.
Álcool aumenta risco de quais doenças?
No trabalho, foram avaliadas 207 doenças em relação ao consumo de álcool. Os pesquisadores detectaram que as bebidas alcoólicas estão associadas a um risco mais alto de 61 delas. Apenas 28 delas eram previamente relacionadas à substância pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 33 são inéditas.
Confira a lista:
Tuberculose
Câncer de laringe
Câncer de esôfago
Câncer de fígado
Neoplasia incerta
Câncer de cólon (intestino)
Câncer de pulmão
Câncer retal
Neoplasia maligna, sem especificação de localização
Câncer de lábio, cavidade oral e faringe
Câncer de estômago
Anemias
Púrpura e outras condições hemorrágicas
Diabetes
Outros distúrbios metabólicos
Epilepsia
Ataques isquêmicos cerebrais transitórios
Catarata
Flebite e tromboflebite
Cardiomiopatia
Hemorragia intracerebral
Sequelas de doença cerebrovascular
Doença cardíaca hipertensiva
Hipertensão essencial (primária)
Infarto cerebral
Complicações da doença cardíaca
Acidente Vascular Cerebral (AVC)
Oclusão e estenose das artérias cerebrais
Oclusão e estenose das artérias pré-cerebrais
Outras doenças cerebrovasculares
Doença cardíaca isquêmica crônica
Doenças circulatórias menos comuns combinadas
Bronquite crônica não especificada
Doença pulmonar obstrutiva crônica
Pneumonia
Doença hepática alcoólica
Fibrose e cirrose do fígado
Outras doenças inflamatórias do fígado
Abscesso das regiões anal e retal
Doença do refluxo gastroesofágico
Úlcera gástrica
Outras doenças do aparelho digestivo
Outras doenças do fígado
Pancreatite
Outras infecções locais (pele/tecido subcutâneo)
Osteonecrose
Gota
Artrose
Resultados anormais de estudos de função
Mal-estar e cansaço
Fratura de ombro e braço
Fratura de fêmur
Fratura de costela(s)/esterno/coluna torácica
Lesões menos comuns, envenenamento e outras causas externas combinadas
Autoagressão intencional
Cataratas
Acidentes de transporte
Condições psiquiátricas e comportamentais menos comuns combinadas
Outras causas de mortalidade mal definidas/não especificadas
Causas de morbidade desconhecidas/não especificadas
Embora o trabalho tenha sido observacional, ou seja, os pesquisadores tenham apenas relacionado a incidência de determinadas doenças e o consumo de álcool com elas, os responsáveis defendem que é possível estabelecer uma relação de causa e efeito devido à análise genética. Por isso, afirmam que as bebidas foram o que motivou grande parte dos diagnósticos.
“Beber diariamente foi associado a riscos 30-40% maiores de câncer relacionado ao álcool e cirrose hepática, em comparação com o consumo não diário. Da mesma forma, o consumo episódico pesado (como intensamente durante o fim de semana) foi associado a riscos maiores de diabetes (23%) e DIC (Doenças Isquêmicas do Coração, 11%), enquanto beber fora das refeições foi associado a um risco 49% maior de problemas hepáticos de cirrose do que beber com as refeições”, escrevem.