Consumo de ultraprocessados fez obesidade aumentar 28% no Brasil, mostra estudo da USP
O consumo de alimentos ultraprocessados representou mais de um quarto (28,65%) do aumento da prevalência de obesidade no período
Um estudo feito pela Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde), da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que o maior consumo de alimentos ultraprocessados provocou o aumento de 28,6% da obesidade no Brasil. O trabalho foi publicado no periódico International Journal of Public Health.
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Analisando dados nacionais das Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, realizadas em 2002 e 2009, os pesquisadores compararam o tipo de alimentação dos brasileiros com os índices de obesidade apresentados pela população nos respectivos anos.
De 2002 a 2009, houve um aumento na prevalência de obesidade na população brasileira, passando de 9,9% para 13,2%. Paralelamente, a contribuição dos alimentos ultraprocessados no consumo total de energia (quanto de calorias se consume durante o dia através da alimentação) passou de 14,3% para 17,3%.
As análises dos cientistas brasileiros apontam que um aumento de 1% no consumo de alimentos ultraprocessados (% do total de energia) foi associado ao aumento de 0,71 ponto percentual na prevalência de obesidade em 2002 e 0,88 ponto percentual em 2009.
Os pesquisadores brasileiros então concluíram que o consumo de alimentos ultraprocessados representou mais de um quarto (28,65%) do aumento da prevalência de obesidade no período.
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Esse foi o primeiro estudo a relacionar o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados à elevação do índice de obesidade no Brasil.
"Os resultados deste estudo são ainda mais relevantes quando se considera o impacto que a obesidade pode ter na vida dos indivíduos e da sociedade em geral. A obesidade é tanto uma doença quanto um fator de risco para inúmeras outras doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral, hipertensão, dislipidemia, diabetes e vários tipos de câncer", escreveram os autores no estudo.
Os dados da pesquisa “Vigitel 2021”, realizada pelo Ministério da Saúde, apontam que a prevalência atual de obesidade entre a população adulta (com 18 anos ou mais) no Brasil é de 22,4%, sendo maior entre mulheres (22,6%) do que em homens (22%).
Alimentos ultraprocessados e obesidade
Segundo o Ministério da Saúde, os alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas tipicamente com cinco ou mais ingredientes. Esses produtos passam por uma série de processos antes de ficarem prontos para o consumo. Em geral, são pobres nutricionalmente e ricos em calorias, açúcar, gorduras, sal e aditivos químicos, com sabor realçado e maior prazo de validade.
São exemplos de alimentos ultraprocessados: biscoitos, sorvetes e guloseimas; bolos; cereais matinais; barras de cereais; sopas, macarrão e temperos “instantâneos”; salgadinhos “de pacote”; refrescos e refrigerantes; achocolatados; iogurtes e bebidas lácteas adoçadas; bebidas energéticas; caldos com sabor carne, frango ou de legumes; maionese e outros molhos prontos; produtos congelados e prontos para consumo (massas, pizzas, hambúrgueres, nuggets, salsichas, etc.); pães de forma; pães doces e produtos de panificação que possuem substâncias como gordura vegetal hidrogenada, açúcar e outros aditivos químicos.
A principal caus da obesidade é a alimentação inadequada. A manutenção do peso corporal ocorre quando a quantidade de calorias ingeridas é compatível com a energia gasta durante o dia. Se a quantidade de calorias consumidas é superior às gastas, o corpo estoca o excesso em forma de gordura.
Alimentos ultraprocessados têm muito mais calorias do que os naturais ou minimamente processados, e menos nutrientes. Por isso, eles têm uma forte contribuição para o aumento de peso e, consequentemente, a obesidade.
Alimentos ultraprocessados aumentam em 45% o risco de obesidade em adolescentes
Um estudo recente também feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo e publicado no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics mostrou que o consumo de alimentos ultraprocessados pode aumentar em 45% o risco de obesidade para adolescentes.
A pesquisa, financiada pela Fapesp, apontou ainda que uma alimentação com alto consumo desse tipo de produto aumenta em 52% o risco de acúmulo de gordura abdominal e em 63% a chance para gordura visceral, entre os órgãos internos.