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Amapá

Contaminação em rio deixa cidade há 10 dias sem água e provoca morte de 2 toneladas de animais

O problema começou no dia 27 de novembro, com a morte de vários animais morriam de causas desconhecidas

Amostras de água foram coletadas para a realização de examesAmostras de água foram coletadas para a realização de exames - Foto: divulgação / CRAS de Pedra Branca do Amaparí

Os moradores de Pedra Branca do Amapari, no Amapá, chegaram nesta segunda-feira ao décimo dia com desabastecimento de água potável. O problema começou em 27 de novembro, quando uma contaminação cuja causa ainda não foi esclarecida começou a matar os animais. Desde então, mais de duas toneladas de peixes, répteis, aves e mamíferos morreram.

Amostras de água foram coletadas para a realização de exames. O primeiro deles, contratado pela Polícia Técnico Científica (Politec) do Amapá deu resultado negativo para cianeto.

O composto químico é utilizado por garimpeiros legais e ilegais e também por mineradoras que atuam na região. A substância pode causar a morte e é usada na exploração de ouro.

Apesar do resultado negativo, a prefeita de Pedra Branca do Amapari, Beth Pelaes (DEM) optou por manter o fornecimento de água suspenso. De acordo com ela, o laudo do laboratório contratado pela Politec não era conclusivo.

— A Politec não deu garantias que a água está ok para ser distribuída a mais de 10 mil pessoas. Ela não se responsabiliza se acontecer algo para a população. Então eu não posso liberar, é muita responsabilidade, são muitas vidas. Os problemas podem aparecer a médio e longo prazo, imagina se as pessoas começam a adquirir doenças. É muito grave, sobretudo se for cianeto — disse Pelaes.

Nesta terça-feira, um novo laudo deve ficar pronto. O exame foi encomendado ao Instituto Evandro Chagas, órgão vinculado ao Ministério da Saúde e situado em Belém (PA). Por orientação do Ministério Público Estadual (MP), a Prefeitura também encomendou um terceiro laudo para um laboratório externo. Este último será realizado em Minas Gerais e tem prazo de 15 dias para ficar pronto.

Desde o início da contaminação, três caminhões-pipa fazem distribuição de água pela cidade. Mas nem assim a população se sente segura, pois há desconfiança sobre a procedência da carga do veículo.

— A população já está sem paciência, muitos querem água mineral, para consumo. Mas eles também estão entendendo a gravidade da situação e as nossas decisões — disse a prefeita.

Na área mais afetada pela contaminação os ribeirinhos não podem mais pescar. E os peixes são a base da alimentação. Com a proibição da pesca, os pescadores estão recebendo cestas básicas.

Na última sexta-feira, durante uma visita à Comunidade do Xivete, nas margens do Rio Amapari, um ribeirinho relatou à uma equipe da Prefeitura que quase se contaminou com a água. Orias Ferreira da Silva, de 72 anos, estava tratando de peixes e já havia dado parte do pescado aos patos. Pouco depois, as aves começaram a morrer.

— Estava tratando dos peixes para cozinhar, os menores dei para minha criação de patos. Não estava sabendo de nada — disse Silva.

A expectativa é de que a causa do problema seja conhecida nesta terça-feira, com o resultado do exame laboratorial feito pelo Instituto Evandro Chagas. 

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