Contaminação por urânio pode ter sido causa de câncer no cérebro em mais de cem ex-alunos de escola
Instituição fica próxima a antigo local de desenvolvimento de bombas nucleares
Mais de cem alunos de uma escola secundária de Nova Jersey, nos Estados Unidos, desenvolveram algum tipo de câncer no cérebro ao longo das últimas décadas, e a causa de todos estes episódios pode ter sido a proximidade entre a instituição e uma planta de urânio — local onde a substância é manuseada —, segundo o “Daily Mail”.
Al Lupiano, de 50 anos, um ex-aluno da Colonia High School, na cidade de Woodbridge, ficou desconfiado depois que ele, a irmã e a esposa foram diagnosticados com câncer no cérebro. Em comum, todos frequentaram a mesma escola, que recebe mais de mil alunos por ano.
Além disso, o tipo de câncer no cérebro específico que eles desenvolveram é raro, detectado em cerca de um em cada 15.000 americanos a cada ano, segundo números oficiais, fazendo com que essa tendência dentro de uma mesma família levantasse suspeitas.
Depois de postar sobre o diagnóstico em uma plataforma on-line, Lupiano disse que sua caixa de entrada foi inundada por colegas que frequentaram a mesma instituição até quatro décadas atrás, com grande parte deles afirmando que também foram diagnosticados com a doença.
Entre os tipos de câncer no cérebro detectados entre os ex-alunos está o glioblastoma — diagnosticado na irmã de Lupiano —, a forma mais letal de câncer no cérebro, ao qual menos da metade dos pacientes sobrevivem mais de um ano após o diagnóstico. Um dos filhos do presidente Joe Biden, Beau, morreu desse mesmo câncer em 2015.
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Casos de neuromas acústicos (tumor benigno raro nos nervos auditivo ou vestibulares) também foram encontrados em alguns dos pacientes. Este, no entanto, é um tumor benigno e de crescimento lento, ao qual a grande maioria dos pacientes sobrevive.
Estar exposto a altos níveis de radiação e ter um sistema imunológico enfraquecido são os principais fatores de risco para um câncer no cérebro, segundo especialistas. A escola fica a cerca de 18 quilômetros de um antigo local de desenvolvimento de bombas nucleares, o que fez aumentar os temores de que o urânio da instalação possa ter contaminado a água ou o solo da escola.
Uma rocha radioativa também esteve no terreno da escola por três décadas, antes de ser removida, na década de 1990, depois que um professor alertou que ela poderia ser perigosa para as crianças.
"Os médicos disseram que nunca tinham visto meu câncer antes, que era super raro, ou apenas (ocorriam em) pessoas que foram expostas à radiação nuclear quando criança, vivendo ao lado de uma usina nuclear que estava contaminando sua água", disse Lupiano.