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MEIO AMBIENTE

COP16: Chefe da ONU pede que mundo "faça as pazes" para salvar a natureza

Sob o lema "Paz com a Natureza", 196 países se reúnem até sexta-feira para chegar a acordos sobre formas de "deter e reverter" a destruição recursos da Terra pela humanidade

Pessoas passam por uma exposição de espécies extintas na Zona Verde da cúpula da COP16 em Cali, Colômbia, em 28 de outubro de 2024.Pessoas passam por uma exposição de espécies extintas na Zona Verde da cúpula da COP16 em Cali, Colômbia, em 28 de outubro de 2024. - Foto: Joaquin Sarmiento / AFP

O chefe da ONU, António Guterres, instou o mundo a "fazer as pazes" para salvar o planeta, enquanto guerras devastadoras assolam a Ucrânia, Gaza, Líbano e Sudão, em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (30) na COP16 sobre biodiversidade.

"Obviamente, precisamos fazer as pazes com a natureza, mas também precisamos fazer as pazes entre nós mesmos, pois as guerras têm um dos efeitos mais devastadores sobre a biodiversidade", afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, em uma coletiva de imprensa na cidade colombiana de Cali.

Sob o lema "Paz com a Natureza", 196 países se reúnem até sexta-feira para chegar a acordos sobre formas de "deter e reverter" a destruição dos abundantes recursos da Terra pela humanidade.

"Precisamos da paz com a natureza e da paz entre nós", destacou Guterres, a dois dias do fim das negociações, realizadas sob o calor tropical da região do Pacífico na Colômbia.

Guterres reiterou seus apelos por uma "paz justa" na Ucrânia, um cessar-fogo imediato em Gaza com ajuda humanitária "massiva" para a população e a libertação de todos os reféns em poder do Hamas desde seu ataque a Israel, ocorrido há mais de um ano.

O chefe da ONU enfatizou ainda a necessidade de uma paz no Líbano "que respeite a soberania libanesa, a integridade territorial libanesa e prepare o caminho para uma solução política", assim como a "paz no Sudão, onde há uma enorme tragédia".

Também citou o conflito armado colombiano que há seis décadas sangra o país e aplaudiu o esforço "louvável" do governo de esquerda de Gustavo Petro para alcançar a paz com as guerrilhas.

Guterres se reuniu com cinco presidentes e dezenas de ministros em uma "série de sessões de alto nível", visando impulsionar a maior cúpula da ONU sobre biodiversidade, que começou em 21 de outubro.

A 16ª Conferência das Partes (COP16) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da ONU deve avançar na criação de mecanismos de monitoramento e financiamento para atingir os 23 objetivos acordados no Canadá há dois anos para conter a catástrofe.

“Crise existencial” 
De acordo com um relatório publicado na segunda-feira por organizações de defesa da natureza, apenas 17,6% das terras e águas continentais e 8,4% dos oceanos e zonas costeiras estão protegidos e conservados.

Uma atualização da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) indicou que, do total de 166.061 espécies avaliadas, 46.337 estão ameaçadas de extinção.

No entanto, as negociações em Cali continuam travadas em questões sobre modalidades de financiamento e a melhor forma de compartilhar os benefícios das informações genéticas de plantas e animais - usados em medicamentos e cosméticos - com as comunidades de onde se originam.

Guterres reiterou seu alerta sobre a "crise existencial" que a humanidade enfrenta e afirmou que os delegados da COP16 devem agir rapidamente para enfrentar "o abandono permanente da biodiversidade".

"Financiamento é essencial" 
Outro objetivo do Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal de 2002 é aumentar o financiamento para a biodiversidade para 200 bilhões de dólares (R$ 1,15 bilhão na cotação atual) anuais até 2030.

"Obviamente, o financiamento é essencial, mas o financiamento não é suficiente", disse Guterres. "O que precisamos é de uma prioridade política a nível governamental, (...) no âmbito das instituições multilaterais e um compromisso claro do setor privado".

E acrescentou: "Se não vencermos a crise da biodiversidade, não venceremos a crise climática, não venceremos a crise da poluição e condenaremos nosso mundo a uma situação de extrema pobreza no meio natural".

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