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Corante vermelho usado em alimentos é proibido nos EUA; Anvisa diz que estudará referências

De acordo com a agência brasileira, em 2018, um comitê de especialistas em aditivos alimentares da OMS e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) fez uma avaliação de segurança

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A Food and Drug Administration (FDA), agência americana semelhante à Anvisa, revogou a autorização de uso da eritrosina, também conhecida como corante vermelho número 3, em alimentos e medicamentos ingeridos. Os reguladores atenderam a uma petição de 2022, apresentada por dezenas de defensores da segurança alimentar e da saúde.

Segundo a FDA, alguns estudos mostraram que o corante artificial causou câncer em ratos de laboratório. As autoridades afirmaram que a decisão ocorre em respeito a uma lei dos EUA, a Cláusula Delaney, que exige a proibição de qualquer aditivo apontado como causador de câncer em pessoas ou animais.

Há quase 35 anos, a agência já havia vetado o uso desse corante sintético em cosméticos devido ao risco potencial de causar câncer.

O corante dá a certos alimentos e bebidas uma cor vermelho-cereja brilhante, e é encontrado em doces, bolos, cupcakes, biscoitos, sobremesas congeladas, glacês e coberturas, além de medicamentos ingeridos, como xaropes para tosse.

De acordo com o jornal americano The New York Times, ele pode estar presente também em "carnes" veganas, salsichas e shakes com sabor morango.

O corante já é proibido para uso em alimentos na Europa, Austrália e Nova Zelândia, exceto em certos tipos de cerejas, conhecidas por aqui como cereja marrasquino.

E no Brasil?
Questionada, a Anvisa informou que, no Brasil, a eritrosina pode ser usada em algumas categorias de alimentos e medicamentos. "Há estudos demonstrando a ocorrência de câncer em ratos machos expostos a altos níveis do corante, por um mecanismo hormonal específico dos ratos. Estudos realizados em humanos e outros animais não demonstraram tais efeitos", disse em nota.

De acordo com a agência brasileira, em 2018, um comitê de especialistas em aditivos alimentares da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) fez uma avaliação de segurança.

"Eles concluíram que a exposição dietética não representava preocupação de saúde", afirmou. É o mesmo argumento usado pela International Association of Color Manufacturers, que representa os interesses das empresas que produzem esses aditivos e defende a eritrosina.

"As autorizações de uso de aditivos em alimentos e excipientes em medicamentos podem ser revistas a qualquer tempo, caso haja novas evidências que indiquem risco à saúde. Embora a FDA não mencione a existência de novas evidências e as evidências conhecidas não levantem preocupação de segurança para consumo humano, a Anvisa estudará as referências científicas da petição apresentada à autoridade americana, motivadora da ação, verificando a existência de justificativa para uma reavaliação", acrescentou a agência.

O que dizem os especialistas
A decisão da FDA foi comemorada por especialistas da área da saúde nos EUA. "É um ótimo primeiro passo para os EUA, mas, francamente, estamos realmente atrasados", disse ao The New York Times a pesquisadora Sheela Sathyanarayana, professora de pediatria na Universidade de Washington que estuda exposições ambientais que afetam a saúde das crianças.

Também ao Times, Thomas Galligan, principal cientista de aditivos e suplementos alimentares do Centro de Ciência no Interesse Público, ONG americana que defende os direitos dos consumidores, afirmou que a FDA tem um histórico de permitir produtos químicos mesmo depois do surgimento de evidências de danos.

"Parte da razão para isso é que a agência não tem um sistema robusto para reavaliar a segurança de produtos químicos que já foram aprovados." 

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