Coreia do Norte anuncia fracasso de lançamento de satélite espião
O míssil que transportava o satélite espião Malligyong-1-1 "explodiu no ar durante o primeiro voo", causando "falha no lançamento"
A Coreia do Norte anunciou o fracasso de uma tentativa de colocar em órbita um satélite espião, depois de militares sul-coreanos terem alertado, nesta segunda-feira (27), para o lançamento de um projétil por Pyongyang e para "fragmentos" detectados no mar.
O míssil que transportava o satélite espião Malligyong-1-1 "explodiu no ar durante o primeiro voo", causando "falha no lançamento", afirmou a Administração Nacional de Tecnologia Aeroespacial em um comunicado.
A "causa do acidente foi a confiabilidade operacional do novo motor de oxigênio líquido e querosene", acrescentou o documento, divulgado pela mídia estatal.
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A rede japonesa NHK transmitiu imagens do que parecia ser um projétil em chamas e afirmou que as gravou no nordeste da China, coincidindo com a tentativa de lançamento.
Pyongyang notificou o Japão, nesta segunda, de que planejava colocar outro satélite em órbita, após uma tentativa bem-sucedida em novembro e dois fracassos no ano passado. Várias resoluções das Nações Unidas proíbem a Coreia do Norte, que possui armas nucleares, de realizar testes com tecnologia balística.
"Nossos militares detectaram, por volta das 22h44 (10h44 no horário de Brasília) de segunda-feira, a trajetória do que se suspeita ser um satélite de reconhecimento militar vindo do Norte, lançado da área de Tongchang-ri, na província de Pyongan do Norte, em direção ao sul" , declarou o Estado-Maior Conjunto de Seul.
Mas dois minutos depois, foram detectados "muitos fragmentos do projétil" "em águas norte-coreanas" e tanto os Estados Unidos como a Coreia do Sul "estão analisando" se o projétil "teve um voo operacional", acrescentou.
O Japão confirmou o lançamento e o governo emitiu brevemente um alerta alertando os residentes no sul da província de Okinawa para se protegerem em abrigos.
A Coreia do Norte lançou com sucesso seu primeiro satélite espião em novembro, um fato que desencadeou uma onda de condenações. Na ocasião, os Estados Unidos consideraram que o lançamento foi uma "violação flagrante" das sanções da ONU.
Cúpula tripartida
A última tentativa ocorreu poucas horas depois de Coreia do Sul, China e Japão exigirem a desnuclearização da Coreia do Norte, em sua primeira cúpula tripartite desde 2019.
O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, denunciou que outro lançamento de satélite prejudicaria a "paz e estabilidade regional e global" e instou Pyongyang a desistir da ideia.
Soldados sul-coreanos realizaram treinamento de ataque aéreo nesta segunda-feira para demonstrar a "forte capacidade e vontade" dos militares, depois que a Coreia do Norte notificou o Japão sobre seus planos de lançar um satélite em 4 de junho.
Especialistas dizem que os satélites espiões poderiam melhorar as capacidades de coleta de informações da Coreia do Norte, especialmente em relação à Coreia do Sul, e fornecer dados importantes em qualquer conflito militar.
Seul afirma que Pyongyang recebeu ajuda técnica da Rússia para o seu lançamento em novembro, em troca do envio de armas a Moscou para a ofensiva na Ucrânia.
O líder norte-coreano, Kim Jong Un, reuniu-se em setembro com o presidente russo, Vladimir Putin, que ofereceu ajuda para construir satélites.
Um grupo de engenheiros russos chegou à Coreia do Norte para ajudar o país a se preparar para o lançamento, reportou no domingo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, citando um funcionário do governo.
Seul informou na sexta-feira que as autoridades de inteligência sul-coreanas e norte-americanas estavam "monitorando e acompanhando de perto" os preparativos para outro lançamento.
A Coreia do Norte afirma que o satélite 'Malligyong-1', que pôs em órbita em novembro, opera com sucesso, mas a inteligência sul-coreana lançou dúvidas sobre esta afirmação.
O Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul coletou e analisou destroços de um dos lançamentos fracassados de Pyongyang no início do ano passado e descobriu que não tinham uso militar.