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Coreia do Norte envia mais balões com lixo para o Sul; irmã de Kim faz ameaça

Porta-voz de Pyongyang, Kim Yo-jong alerta que vizinho terá 'tarefa diária' de recolher papel higiênico usado caso continue a transmitir mensagens em alto-falantes na fronteira

Balão lançado pela Coreia do Norte aterrissa em plantão de arroz de Incheon, território do Sul Balão lançado pela Coreia do Norte aterrissa em plantão de arroz de Incheon, território do Sul  - Foto: Yonhap/AFP

A Coreia do Norte voltou a enviar centenas de balões repletos de lixo para o Sul, anunciou o Exército sul-coreano nesta segunda-feira (10). A influente irmã de Kim Jong-un alertou que o país continuará respondendo se Seul persistir com a "guerra psicológica".

Nas últimas semanas, a Coreia do Norte enviou centenas de balões com sacos repletos de lixo, como cigarro, papel higiênico e fezes, para o Sul, depois que ativistas sul-coreanos lançaram balões com pendrives de música K-pop, notas de dólares e material de propaganda contra o líder Kim Jong-un.

A resposta do Norte levou o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, a suspender na semana passada um acordo militar de distensão assinado com Pyongyang em 2018, quando os países tinham uma relação melhor.

 

Desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953) com um armistício, as duas Coreias permanecem tecnicamente em guerra e estão separadas por uma zona desmilitarizada. O acordo de 2018 pretendia reduzir as tensões na península e evitar uma escalada militar, em particular ao longo da fronteira.

Agora, a suspensão permite que Seul retome os exercícios de tiro e as campanhas de propaganda contra o regime do Norte, com alto-falantes na fronteira, uma técnica iniciada durante a guerra.

A medida enfureceu Pyongyang, que alertou que Seul estava criando uma "nova crise".

Nesta segunda-feira, Kim Yo-jong, irmã do líder norte-coreano Kim Jong-un e porta-voz do governo, afirmou em um comunicado que a Coreia do Sul "sofrerá o amargo constrangimento de recolher papel usado sem descanso, e essa será sua tarefa diária".

No comunicado, divulgado pela agência estatal de notícias KCNA, ela descreveu o lançamento de panfletos por ativistas sul-coreanos como "guerra psicológica" e afirmou que, caso Seul não os interrompa e pare transmitir mensagens por seus alto-falantes, o Norte responderá com "novas ações de neutralização".

Uma resposta 'além da imaginação'
O Exército sul-coreano afirmou que o Norte lançou mais de 300 balões com lixo durante a noite, mas que o vento prejudicou a operação de Pyongyang.

"Enviaram mais de 310 balões, mas muitos deles voaram na direção da Coreia do Norte", destacou o comandante do Estado-Maior. Ele disse que quase 50 atingiram o território sul-coreano e que outros podem chegar ao país.

Segundo as Forças Armadas, as últimas séries de balões contêm resíduos de papel e plástico, mas nada tóxico.

— Até o momento, não vimos nenhum movimento especial por parte do Exército norte-coreano — disse um oficial do Estado-Maior sul-coreano, ao mesmo tempo que admitiu que o comunicado mais recente de Kim Jo-yong tem um nível de ameaça diferente dos anteriores. — Mas, em qualquer caso, o Exército (sul-coreano) responderá de modo suficiente a qualquer nova contramedida norte-coreana.

Para Kim Dong-yub, professor na Universidade de Estudos da Coreia do Norte em Seul, o comunicado da irmã de Kim Jong-un mostra que Pyongyang "está levantando a voz para culpar a Coreia do Sul pela situação atual e, também, para justificar a sua provocação".

A escalada pode continuar, e "a Coreia do Norte fará algo que vai além da nossa imaginação, como espalhar farinha, o que causaria pânico absoluto na Coreia do Sul", cujos habitantes acreditariam estar sob ataque biológico, completou o professor.

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