MUNDO

Coreia do Norte reforça armamento na fronteira com o Sul após lançamento de satélite

Depois do lançamento, a Coreia do Sul suspendeu parcialmente um acordo militar de 2018 para reduzir as tensões militares e mobilizou "equipes de vigilância e reconhecimento" na fronteira

Pessoas na Coreia do Sul veem pela televisão lançamento de foguete da Coreia do NortePessoas na Coreia do Sul veem pela televisão lançamento de foguete da Coreia do Norte - Foto: Jung Yeon-je / AFP

A Coreia do Norte anunciou, nesta quinta-feira (23), que reforçou a presença de tropas e armamento na fronteira com a Coreia do Sul após o lançamento de um satélite militar por parte de Pyongyang que, segundo Seul, teve a assistência da Rússia.

Depois de duas tentativas frustras em maio e agosto, Pyongyang conseguiu colocar em órbita na terça-feira (21) o satélite "Malligyong-1" que, segundo a imprensa estatal norte-coreana, já permitiu que o dirigente do país, Kim Jong Un, observasse imagens de bases militares americanas em Guam.

O Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul informou ao Parlamento que o lançamento foi bem-sucedido, mas destacou que é cedo para afirmar que o satélite funciona corretamente como alega o Norte.

Também destacou que Pyongyang recebeu apoio de Moscou em seu programa espacial após a reunião de setembro entre Kim Jong Un e o presidente Vladimir Putin no extremo leste da Rússia.

"Depois do encontro com Putin, o Norte apresentou a Moscou os planos e os dados relevantes do primeiro e segundo lançamentos de satélite. A Rússia analisou os dados e forneceu informações ao Norte", afirmou a inteligência sul-coreana, segundo o deputado Yoo Sang-bum.

Depois do lançamento, a Coreia do Sul suspendeu parcialmente um acordo militar de 2018 para reduzir as tensões militares e mobilizou "equipes de vigilância e reconhecimento" na fronteira.

O Ministério da Defesa da Coreia do Norte considerou "temerária" a decisão de Seul e anunciou a suspensão completa do acordo, além de reforçar suas posições militares fronteiriças.

"Vamos posicionar tropas fortemente armadas e equipamentos militares avançados na região", afirmou o Ministério em um comunicado divulgado pela agência estatal de notícias KCNA.

A nota acrescenta que Pyongyang "nunca mais ficará vinculado" ao acordo, segundo a agência.

Além disso, o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul indicou que o país comunista, que possui armas nucleares, lançou um míssil balístico na quinta-feira, mas o disparou falhou.

Yang Moo-jin, reitor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos, afirmou que o lançamento do míssil balístico é um presságio do que está por vir.

"Direito à autodefesa"
O lançamento do satélite Mallingyong-1, supervisionado por um sorridente Kim Jong Un, foi criticado por Washington, Seul e Tóquio como uma "violação flagrante" às sanções da ONU.

O ministério norte-coreano insistiu nesta quinta-feira que o lançamento de um satélite está incluído em seu "direito à autodefesa" e minimizou o que chamou de resposta "extremamente histérica" de Seul.

O país acusou a nação vizinha de colocar o acordo em perigo ao intensificar as provocações militares e afirmou que há muito tempo o pacto "foi reduzido a um pedaço de papel".

A Coreia do Sul "deve pagar caro por suas graves e irresponsáveis provocações militares e políticas, que levaram a situação atual a uma fase incontrolável", afirmou o Ministério da Defesa.

A agência estatal norte-coreana anunciou que o satélite iniciará a missão formal de reconhecimento em 1º de dezembro.

Um satélite de espionagem operacional permite à Coreia do Norte melhorar sua capacidade de obter informações, em particular da Coreia do Sul, e de conseguir dados que podem ser cruciais em eventual conflito, segundo analistas.

Para o governo dos Estados Unidos, isto representa uma violação das resoluções da ONU que impedem Pyongyang de desenvolver tecnologia balística, aplicada tanto no lançamento de mísseis como de satélites.

Veja também

Israel afirma que operações militares contra o Hezbollah libanês "continuarão"
Guerra

Israel afirma que operações militares contra o Hezbollah libanês "continuarão"

Primeiro-ministro da França finaliza difíceis consultas para formar governo
FRANÇA

Primeiro-ministro da França finaliza difíceis consultas para formar governo

Newsletter