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Diplomacia

Coreia do Norte rejeita oferta de ajuda em troca de desnuclearização feita por Seul

A presidência da Coreia do Sul lamentou os comentários "desrespeitosos" de Yo Jong, mas insistiu que a oferta continua de pé

Kim Yo Jong, irmã do lider da Coreia do Norte, Kim Jong UnKim Yo Jong, irmã do lider da Coreia do Norte, Kim Jong Un - Foto: JORGE SILVA / POOL / AFP

A irmã poderosa do líder norte-coreano, Kim Jong Un, criticou nesta sexta-feira (19) a oferta de ajuda econômica feita por Seul em troca da desnuclearização do país comunista, que chamou de "cúmulo do absurdo", e descartou a possibilidade de negociações presenciais.

Suas palavras respondem ao plano apresentado nesta semana pelo presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, de oferecer comida, energia e infraestrutura ao Norte se o mesmo abandonar seu programa de armas nucleares.

Analistas já haviam antecipado as chances reduzidas de sucesso da proposta, uma vez que Pyongyang investe grande parte de sua riqueza em seu programa militar e deixou claro repetidas vezes que não aceitará uma negociação desse tipo.

A irmã de Kim Jong Un, Kim Yo Jong, chamou a oferta de "cúmulo do absurdo" e alertou que a premissa de que a Coreia do Norte irá negociar sobre seu programa nuclear é falsa

"Ao pensar que o plano de trocar 'cooperação econômica' pela nossa honra, nossas armas nucleares, é o grande sonho, a esperança e o plano de Yoon, percebemos que ele é realmente simples e ainda infantil", declarou em comunicado divulgado pela agência oficial KCNA.

"Ficou claro que não vamos sentar frente a frente com ele", acrescentou, antes de acusar a Coreia do Sul de reciclar propostas já rejeitadas pelo Norte. "Ninguém troca seu destino por pão de milho", disse.

A presidência da Coreia do Sul lamentou os comentários "desrespeitosos" de Yo Jong, mas insistiu que a oferta continua de pé.

"A atitude da Coreia do Norte não ajuda de nenhuma maneira a paz e a prosperidade da península da Coreia, nem seu próprio futuro. Promove apenas o isolamento", afirmou em um comunicado.

Na semana passada, Pyongyang ameaçou adotar represálias "mortais" contra a Coreia do Sul, que considera responsável por um recente surto de Covid-19 em seu território.

Kim Jong Un disse em julho que o país estava "pronto para mobilizar" sua nuclear de dissuasão em caso de confronto militar com os Estados Unidos e a Coreia do Sul. Na quarta-feira (17), Pyongyang disparou dois mísseis de cruzeiro.

Cheong Seong-chang, diretor do Centro de Estudos Norte-Coreanos no Instituto Sejong, afirmou que as declarações Yo Jong "claramente reafirmam" que Pyongyang nunca renunciará a suas armas nucleares. Ele pediu Seul para rever a abordagem da desnuclearização.

"O peso da ameaça nuclear da Coreia do Norte com a qual a Coreia do Sul tem que conviver já superou o nível que consegue suportar", disse.

O caráter pessoal do ataque de Kim Yo Jong a Yoon Suk-yeol mostra que as relações provavelmente serão "muito difíceis" durante o mandato de cinco anos do novo presidente sul-coreano, afirmou à AFP Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos.

Embora antes de sua eleição, em março, tenha insistido nas posições duras contra o regime comunista, Yoon Suk-yeol disse na quarta-feira que seu governo não buscará adquirir capacidade nucleares de dissuasão.

A Coreia do Norte executou um número recorde de testes de armas neste ano, incluindo o lançamento de um míssil balístico intercontinental de pleno alcance pela primeira vez desde 2017. 

Estados Unidos e Coreia do Sul alertaram que Pyongyang prepara o sétimo teste nuclear de sua história.

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