Coreia do Norte teria disparado novo "míssil balístico não identificado", diz Seul
Pyongyang acusou os Estados Unidos de violar seu espaço aéreo, com aviões espiões
A Coreia do Norte disparou um míssil balístico de longo alcance, afirmou o exército da Coreia do Sul nesta quarta-feira (12), poucos dias depois de Pyongyang ameaçar derrubar qualquer avião espião dos Estados Unidos que violar seu espaço aéreo
As relações entre as duas Coreias estão em um dos piores momentos, sem contatos diplomáticos entre os países e com o aumento dos testes de armas do Norte, onde o ditador Kim Jong Un determinou o desenvolvimento do arsenal nuclear.
Estados Unidos e Coreia do Sul intensificaram os exercícios militares conjuntos na região e prometeram o "fim" do regime norte-coreano caso utilize armas nucleares contra seus aliados.
O comando militar de Seul detectou o lançamento de um míssil balístico de longo alcance às 10H00 (22H00 de Brasília, terça-feira) a partir da região de Pyongyang.
"O míssil balístico foi disparado em uma trajetória vertical e percorreu 1.000 quilômetros, antes de cair no Mar do Leste", também conhecido como Mar do Japão, anunciou o Estado-Maior Conjunto.
A Coreia do Norte já utilizou em vários momentos os lançamentos com trajetória vertical para evitar que o projétil entre no espaço aéreo de países vizinhos.
O lançamento "é uma provocação grave que prejudica a paz e a segurança na península da Coreia" e viola as sanções da ONU contra Pyongyang, afirmou o comando militar de Seul.
Um porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a organização está "muito preocupada" com o lançamento, que também foi condenado pelos Estados Unidos e seus aliados, incluindo a França.
"Este lançamento é uma violação descarada de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU, aumenta desnecessariamente as tensões e corre o risco de desestabilizar a situação de segurança na região", disse em nota o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Adam Hodge.
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O último disparo por parte do regime comunista de um de seus mísseis balísticos intercontinentais (ICMB) aconteceu em abril, supostamente o Hwasong-18 que utiliza combustível sólido.
Em fevereiro, o país lançou um Hwasong-15, que percorreu 989 km. Os especialistas destacam que o tempo de voo de 70 minutos também é similar ao de outros ICBM.
"Com o que temos no momento é quase 90% seguro que foi um lançamento de ICBM", disse à AFP Choi Gi-il, professor de estudos militares na Universidade de Sangji.
O analista destacou que o disparo pode ter sido um novo teste da Coreia do Norte antes de uma eventual nova tentativa de colocar um satélite de reconhecimento em órbita, depois do fracasso de maio.
Ameaça
O lançamento aconteceu apenas dois dias após a Coreia do Norte acusar o governo dos Estados Unidos de violar seu espaço aéreo com aviões de espionagem e criticar os planos de Washington de enviar um submarino com mísseis nucleares para a região da península coreana.
Um porta-voz do ministério norte-coreano da Defesa Nacional disse que Washington "intensificou as atividades de espionagem além dos níveis próprios de períodos de guerra".
"Não há garantia de que não aconteça um acidente tão chocante como a queda de um avião de reconhecimento estratégico da Força Aérea dos Estados Unidos" no Mar do Leste da Coreia, afirmou o porta-voz em um comunicado divulgado pela agência estatal KCNA.
O disparo coincide com a participação do presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, na reunião de cúpula da Otan esta semana na Lituânia, na qual busca mais cooperação com a aliança militar diante das crescentes ameaças da Coreia do Norte, segundo o governo de Seul.
"Pyongyang costuma programar suas demonstrações de força para perturbar o que percebe como uma coordenação diplomática contra o país, neste caso, os líderes da Coreia do Sul e do Japão reunidos durante a cúpula da Otan", afirmou Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha de Seul.