Coreia do Norte testa "novo tipo" de míssil, afirma Coreia do Sul
As relações entre as duas Coreias estão no pior momento em muitos anos
A Coreia do Norte testou nesta quinta-feira (13) um "novo tipo" de míssil balístico que possivelmente utiliza combustível sólido, uma tecnologia pretendida há muitos anos pelo regime de Kim Jong Un, afirmou o exército da Coreia do Sul.
"A Coreia do Norte parece ter lançado um novo tipo de míssil balístico, possivelmente de combustível sólido", afirmou o Estado-Maior Conjunto de Seul.
Até o momento, todos os mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) conhecidos da Coreia do Norte eram de combustível líquido, mas o desenvolvimento da nova tecnologia de propulsão era uma antiga aspiração de Pyongyang.
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Estes projéteis são mais fáceis de armazenar e transportar, mais estáveis e mais rápidos de lançar, o que dificulta a detecção e a possibilidade de neutralizar os mísseis.
Em um desfile militar em Pyongyang em fevereiro, a Coreia do Norte exibiu um número recorde de mísseis balísticos intercontinentais e nucleares, incluindo alguns que provavelmente eram novos ICBM de combustível fóssil, afirmaram analistas.
O exército sul-coreano afirmou que detectou um míssil balístico "de médio ou longo alcance" lançado em uma trajetória elevada (para cima e não para fora) da área de Pyongyang. O projétil, disparado às 7H23 (19H23 de Brasília, quarta-feira), voou 1.000 quilômetros antes de cair no mar.
O Japão, que acionou um sistema de alerta por alguns minutos e recomendou que os moradores da ilha de Hokkaido procurassem abrigo, afirmou que o projétil não caiu dentro de seu território e não ameaçou seus cidadãos.
Os ministros do Meio Ambiente do G7 se reúnem neste fim de semana em Sapporo, a capital da região de Hokkaido, um mês antes do encontro de cúpula dos líderes do grupo em Hiroshima.
O governo dos Estados Unidos condenou com veemência o lançamento do que descreveu como como um "míssil balístico de longo alcance".
A China criticou o papel "negativo" dos Estados Unidos na região.
Este é o mais recente teste de armamento proibido por Pyongyang, que já havia disparados seus ICBMs mais potentes diversas vezes desde o início do ano e testou o que descreve como drones submarinos de ataque nuclear.
O teste aconteceu depois que Kim Jong Un ordenou na segunda-feira o fortalecimento das capacidades de dissuasão do país a "uma velocidade mais rápida" e com uma abordagem "mais prática e de ataque".
"Guerra real"
As relações entre as duas Coreias estão no pior momento em muitos anos.
O Norte declarou no ano passado que seu status de potência nuclear é "irreversível", o que fecha a porta para uma eventual negociação de desmantelamento de seu arsenal.
E Kim ordenou este ano a intensificação dos exercícios de preparação para uma "guerra real".
A Coreia do Sul intensificou a cooperação com os Estados Unidos, com exercícios conjuntos que incluem a mobilização ativos militares estratégicos americanos na região.
O porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, criticou a presença dos Estados Unidos na região e atribuiu a Washington a tensão.
O impacto negativo dos exercícios militares americanos e a presença de armas estratégicas ao redor da península (coreana) é óbvio para todos", disse.
Pyongyang considera as manobras como testes para uma eventual invasão. Na terça-feira, a Coreia do Norte descreveu as operações como exercícios "frenéticos que simulam uma guerra sem quartel" contra o país.
"O teste é provavelmente uma tentativa do Norte de pressionar o Sul e os Estados Unidos por seus exercícios militares conjuntos", declarou à AFP Choi Gi-il, professor de Estudos Militares na Universidade Sangji.
Seul acusou Pyongang de "irresponsabilidade" por cortar na semana passada a linha direta de contato entre os países.
O ministério da Unificação da Coreia do Sul afirmou que o Norte não responde desde sexta-feira às ligações feitas pela linha direta de contato nem ao canal ligação coreano.