Corpo de motoboy morto em deslizamento de barreira é enterrado em Olinda
Despedida aconteceu no Cemitério Público de Águas Compridas, onde jovem morava e trabalhava
Foi enterrado na tarde desta terça-feira (7), o corpo do motoboy Israel Campelo dos Santos, de 19 anos, que perdeu a vida ao ser atingido, enquanto dormia, por um deslizamento de barreira em Águas Compridas, em Olinda, no dia anterior. A despedida de familiares e amigos aconteceu no Cemitério Público de Águas Compridas, bairro onde ele morava e trabalhava fazendo entregas de água e açaí.
Israel foi a única vítima fatal do deslizamento, que deixou outras cinco pessoas feridas, incluindo sua mãe, Judite Soares dos Santos, de 51 anos. Ela teve machucados na cabeça e foi socorrida para a Policlínica Amaury Coutinho, no Recife, onde recebeu atendimento e foi liberada na sequência. Um adolescente de 12 anos e uma criança de quatro, que também são familiares de Israel, também precisaram de suporte médico. Ambos receberam alta horas depois e passam bem.
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O pai de Israel, Marcos da Silva, esteve no sepultamento para se despedir fisicamente do filho. Angustiado, ele relembrou que conseguiu deixar a casa junto da esposa às pressas. “Eu estava dentro de casa e a barreira caiu com toda a força. Corremos desesperados, mas ele estava dormindo e morreu soterrado. Israel era conhecido em todo canto e todo mundo gostava dele”, disse o aposentado.
Há quase um mês morando em uma das localidades de risco de Águas Compridas, ele revelou que não foi alertado dos perigos da região, e que não recebeu visita de nenhuma autoridade ou órgão de fiscalização. “Vai fazer um mês que moramos lá e ninguém nos disse dos riscos. Ninguém foi lá nesse período ver a barreira ou alertar. Ninguém”, garantiu o pai.
Além de familiares do motoboy, amigos e vizinhos participaram da despedida. Entre eles, o motorista Antônio Souza, que mora no bairro há 45 anos.
Eu o conhecia há muito tempo. Como ser humano, a gente sente muito, porque é uma vida. Temos que lutar para que se tenha mais amor ao próximo. Eu estou sentindo muito, como se fosse o meu filho”, disse bastante emocionado, antes de denunciar o descaso por parte das autoridades locais com uma parcela “esquecida” de Olinda.
“Infelizmente, o povo de Águas Compridas é esquecido pelas autoridades. Temos cinco vereadores que não representam o povo, além do prefeito. Quem termina perdendo é a população”, afirmou.
Por mudanças
Numa forma de tentar amenizar a dor que vem enfrentando, Antônio Souza compartilhou a ideia de criar uma comissão com moradores para que mudanças nas áreas de risco, onde deslizamentos de barreiras são recorrentes, saiam das promessas e se tornem realidade.
“Vamos fazer uma comissão para cobrar do prefeito as promessas que ele fez agora. Ele disse que já tem uma verba destinada para colocar geomantas”, disse.