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Corredores de ônibus são inexistentes onde há mais necessidade

Velocidade dos ônibus no Grande Recife acaba comprometida por gargalos encontrados assim que as faixas exclusivas terminam

Avenida Recife - Areias2Avenida Recife - Areias2 - Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Corredores de ônibus são importantes pelo aumento de fluidez viabilizado para o transporte público, mas em algumas avenidas do Grande Recife onde só foram implantados em trechos específicos, e não em toda a extensão delas, os ganhos de velocidade acabam comprometidos por gargalos encontrados assim que a faixa exclusiva termina.

Os motivos da não continuidade desses equipamentos vão de justificativas técnicas ao engavetamento de projetos. Os usuários sabem onde a prioridade para os coletivos está fazendo falta e afirmam que simples extensões desses corredores poderiam mudar esse cenário.

Um dos exemplos é a Faixa Azul implantada pela Prefeitura na avenida Recife em 2016. Ela ocupa só 1,8 dos 5,2 quilômetros da via, por sentido. Foi o suficiente para beneficiar 21.674 usuários diários de 14 linhas do Terminal Integrado (TI) Tancredo Neves que só trafegam por aquele trecho. O problema é que, se a demanda for levada em consideração, os outros 3,4 quilômetros da via que não receberam o projeto também têm razão para serem contemplados.

ônibus



Por lá, passam coletivos de três linhas de alta demanda (060-TI Tancredo Neves/TI Macaxeira, 440-CDU/Caxangá/Boa Viagem e 2040-CDU/Boa Viagem/Caxangá) que, juntas, transportam 24.534 passageiros/dia, ou seja, mais que as 14 linhas beneficiadas no outro trecho.

“O CDU/Caxangá vai até o fim da avenida no engarrafamento. A Faixa Azul começa antes do trecho onde ele entra na avenida Recife. Poderia continuar até perto da BR-101, porque o problema está naquele lado”, opinou o sanitarista Chagas Júnior, 43 anos. Outra passageira, a atendente Fabiana Santos, 35, também reclamou da extensão reduzida daquela e de outras faixas exclusivas. “O ônibus que eu uso [da linha 040] passa por um pouco de Faixa Azul aqui [avenida Recife], passa lá na de Boa Viagem [Conselheiro Aguiar] e, ainda assim, demora muito, porque, nos outros lugares, ele fica preso”, avaliou.

A presidente da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), Taciana Ferreira, explicou que o critério para implantação de uma Faixa Azul é a sequência de ônibus que passam por determinado trecho, e não a demanda de passageiros. O parâmetro é de 80 coletivos por hora. “Na avenida Recife, vimos que um elevado número de linhas de ônibus utiliza o trecho onde implantamos a faixa, inclusive com uma demanda integrada, do TI Tancredo Neves. Em outros, há linhas de maior e menor demanda, mas que, pela quantidade de veículos, não justificam uma Faixa Azul”, afirmou.

Há um exemplo similar na avenida Mascarenhas de Morais, na Imbiribeira. A Faixa Azul implantada lá vai da UPA à Ponte Motocolombó, beneficiando 60 mil passageiros. Num trecho anterior, entre a Estrada da Batalha e o Aeroporto, entretanto, ela não existe, e os ônibus enfrentam atrasos. Uma simples extensão dela até essa região poderia reverter o quadro. No Pina, outro caso: os ônibus ganham velocidade na Faixa Azul da avenida Conselheiro Aguiar, mas enfrentam trânsito lento na avenida Antônio de Góes, que chegou a ter um corredor de 600 metros anunciado em 2016, até agora não implantado.

“No caso da Antônio de Góes, ainda estamos fazendo alguns estudos, porque as simulações feitas até agora mostram que haveria problemas de circulação. Mas, não dizemos que descartamos”, explicou Taciana. Em Jaboatão dos Guararapes, o único corredor exclusivo da cidade também entra na lista dos que, se estendidos, poderiam beneficiar o transporte público além do que já fazem hoje. Ele foi instalado em 2012, na avenida Ayrton Senna da Silva, em Piedade. São dois quilômetros que possibilitaram o aumento de velocidade dos coletivos de 18 para 50 km/h. O problema é que a via tem mais dois quilômetros sem nenhuma prioridade aos ônibus. Perto da entrada de Jardim Piedade, quando o número de faixas de rolamento cai de seis para quatro, forma-se um gargalo que atrapalha os trajetos.

Ônibus de linhas de alta demanda, como a 020-Candeias/TI Tancredo Neves, chegam a ter atrasos de 40 minutos no início da noite e a passar em comboios de até cinco veículos devido ao trânsito represado. A promessa da gestão anterior era de um corredor avançando até Curcurana. Não saiu do papel. A atual gestão informou, em nota, que um levantamento está “sendo produzido para mapear diversos pontos do município nos quais a implantação de corredores exclusivos para ônibus poderia resultar na redução de congestionamentos” e disse que a conclusão do estudo está prevista para os próximos dois meses. 

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