Correísmo se opõe à candidatura de substituição de presidenciável assassinado no Equador
País vive tensão em meio ao processo eleitoral
O correísmo, a força de esquerda do ex-presidente Rafael Correa e cuja candidata presidencial é favorita nas próximas eleições, se opôs à candidatura de substituição do presidenciável assassinado na semana passada, informou nesta quarta-feira (16) o partido de centro Construye (Constrói).
O partido socialista Revolución Ciudadana (Revolução Cidadã) alega que o substituto de Fernando Villavicencio, o jornalista Christian Zurita, pertence à legenda de centro-direita Renovación Total (Renovação Total), por isto estaria incorrendo em dupla militância e infringindo normas eleitorais.
Assim, Zurita não poderia concorrer à Presidência no primeiro turno de domingo.
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O "correísmo novamente tenta nos silenciar, confirma seu temor à nossa candidatura", afirmou no X (antes Twitter) o Construye, partido de centro ao qual pertencia Villavicencio, segundo na intenção de voto antes de sua morte, atrás da correísta Luisa González, segundo a Cedatos.
De acordo com esse partido, a filiação de Zurita ao Renovación Total existe, mas teria sido feita sem seu conhecimento, por isso pediu à autoridade eleitoral que fosse anulada.
Também jornalista e amigo de Zurita, Villavicencio foi assassinado a tiros por um mercenário colombiano na quarta-feira da semana passada ao sair de um comício em Quito. Antes do crime, ele acusou o líder preso da organização criminosa "Los Choneros" de tê-lo ameaçado de morte.
Enquanto membro da Assembleia Nacional - dissolvida em maio pelo presidente Guillermo Lasso, medida que levou às eleições antecipadas - denunciou ao Ministério Público que parlamentares, entre eles correístas, estariam envolvidos em um plano para assassiná-lo.
"Já que Christian Zurita atende a todos os requisitos e não possui nenhuma inabilitação, temos certeza que sua candidatura será registrada nas próximas horas", expressou o Construye em nota.
O texto acrescentou que "a reação vil e desesperada do correísmo em todos os dias posteriores ao assassinato (de) Fernando, incluída esta impugnação, é a confirmação de que somos a candidatura mais temida pelas máfias".
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ainda não havia qualificado a candidatura de Zurita apresentada no domingo e a impugnação deverá ser julgada pelo Tribunal Contencioso Eleitoral.
Por não estar habilitado como presidenciável, Zurita não pôde fazer parte do debate oficial na noite de domingo, do qual participaram outros sete candidatos, um requisito obrigatório.
Villavicencio, um ferrenho opositor ao correísmo, era jornalista investigativo, atividade que o levou a Correa, que vive na Bélgica desde que deixou o poder em 2017, ao ser condenado à revelia a oito anos de prisão por corrupção.