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Guerra

Corrida contra o inverno para restabelecer energia na Ucrânia após ataques russos

Temperatura se aproxima do zero grau; autoridades esperam restabelecer o serviço rapidamente

Guerra na Ucrânia Guerra na Ucrânia  - Foto: Anatolii Stepanov / AFP

Grande parte da Ucrânia, incluindo sua capital, Kiev, prosseguia sem energia elétrica nesta quinta-feira (24), após novos ataques russos contra infraestruturas energéticas, no momento em que a temperatura se aproxima do zero grau.

As autoridades esperam restabelecer o serviço rapidamente para grande parte da população, "se não houver novos ataques", indicou o ministro de Energia, German Galushchenko.

Segundo os serviços de inteligência ucranianos, a Rússia "precisará de uma semana" para preparar bombardeios em massa como os dos últimos dias.

Enquanto isso, Moscou continua castigando as cidades de forma direcionada, dando nenhum sinal de que o conflito que começou há exatos nove meses esteja chegando ao fim.

Pelo menos quatro pessoas morreram nesta quinta-feira e dez ficaram feridas num ataque a Kherson (sul), de onde as tropas russas foram forçadas a se retirar há duas semanas, anunciou o governador regional.

"Os invasores russos dispararam vários lança-foguetes contra um bairro residencial. Um prédio pegou fogo", disse Iarovslav Ianushevich no Telegram.

De acordo com a Força Aérea Ucraniana, a Rússia disparou cerca de 70 mísseis de cruzeiro contra a Ucrânia na quarta-feira, dos quais 51 foram derrubados.

Dez pessoas morreram e cerca de 50 ficaram feridas, segundo o procurador-geral ucraniano, Andriy Kostin.

Restabelecer a rede elétrica
No conjunto do país, "a situação é difícil, mas, em algumas regiões, o fornecimento de energia elétrica aumentou" e "as infraestruturas críticas em todo país" foram reconectadas, disse o ministro de Energia.

É o caso das três centrais nucleares sob controle de Kiev, que devem voltar a abastecer as residências que estão sem energia elétrica.

As usinas reconectadas são as de Kmenytsky e Rivne (oeste) e a de Pivdennoukrainsk (sul), que haviam sido desconectadas pelo sistema de proteção automática após os ataques russos de quarta-feira.

Em Kiev, onde caiu uma chuva gelada nesta quinta-feira, com temperaturas próximas de 0ºC, cerca de 70% da população continua sem eletricidade, embora o abastecimento de água tenha sido restabelecido, informou o governo municipal.

O Exército russo negou, nesta quinta-feira, ter lançado ataques contra Kiev na véspera, afirmando que os danos na capital ucraniana foram causados por mísseis antiaéreos "ucranianos e estrangeiros".

A Ucrânia "tem todas as oportunidades para resolver a situação, cumprir com as demandas da Rússia e, como resultado, terminar com todo o possível sofrimento da população civil", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Crime contra a humanidade
O Ministério da Energia ucraniano informou que os ataques deixaram sem energia elétrica "a grande maioria dos consumidores" do país, que tinha quase 40 milhões de habitantes antes da invasão russa em 24 de fevereiro.

O procurador-geral Andriy Kostin informou que as autoridades ucranianas descobriram um total de nove locais de tortura usados pelos russos em Kherson, bem como "os corpos de 432 civis mortos", embora não tenha especificado como eles morreram.

Após as derrotas militares que obrigaram a Rússia a recuar no nordeste e no sul da Ucrânia, Moscou optou, a partir de meados de outubro, por ataques frequentes e em larga escala contra as instalações de energia às vésperas do inverno.

Os bombardeios forçaram hospitais no sul e no leste a funcionar com geradores de energia de emergência.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, descreveu esses atentados como um "crime contra a humanidade" na quarta-feira em uma intervenção por videoconferência no Conselho de Segurança da ONU.

A Rússia afirma ter como alvos instalações direta, ou indiretamente, vinculadas ao Exército ucraniano e considera que apenas as autoridades de Kiev são responsáveis pelo sofrimento da população por sua resistência às tropas de Moscou.

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