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Saúde

Covid-19, influenza, Burnout e Alzheimer: entenda o impacto da pandemia nas pesquisas do brasileiro

'Dr. Google' pode tanto tranquilizar quanto aterrorizar

Banda largaBanda larga - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Ao pesquisar o termo “dor de cabeça forte” na internet, os resultados podem tanto tranquilizar (“nem sempre é sintoma de uma doença”), quanto aterrorizar (está listado entre os sinais de um derrame cerebral). Dificilmente o “Dr. Google”, como ficou conhecido esse tipo de procura nas variadas plataformas online, apresentará o diagnóstico exato e tampouco está qualificado para substituir o médico.

Estudo da Universidade Edith Cowan, da Austrália, mostrou que as fontes online acertam o diagnóstico em um terço das vezes. Estar a par dos sintomas faz o paciente chegar ao consultório mais informado para debater com o profissional de saúde e seguir o tratamento prescrito pelo médico.

Entre as sete doenças mais procuradas nas redes sociais neste momento, está, naturalmente, a Covid-19. As consultas pela frase “é sintoma de Covid” vêm crescendo desde a primeira semana de dezembro de 2021 e estão em seu nível mais alto desde a semana de 27 de junho de 2021, quando a média diária de mortes girava em torno de estrondosos 1.500 registros.


A Influenza está no topo também. Há os clássicos, que nunca deixam de despertar muita atenção, como infarto e Alzheimer. Burnout, distúrbio causado pela exaustão extrema, relacionada ao trabalho, em outros tempos seria uma surpresa, mas o problema explodiu com a pandemia.

 Trombose é outro exemplo. Até bem pouco tempo atrás, era mais associada a um problema de idosos ou a viagens aéreas com longo tempo de duração. Mas se tornou um efeito colateral comum entre os casos graves de coronavírus. A trombose é caracterizada pela formação de coágulos nas veias, muito comum nas pernas e ocasionalmente nos braços.

O maior perigo associado é o descolamento do coágulo, que pode alcançar os vasos sanguíneos do pulmão e causar a embolia pulmonar, ou até mesmo os vasos sanguíneos do cérebro, provocando uma embolia cerebral, um tipo de AVC isquêmico.

A detecção de sintomas como dor e inchaço no local, vermelhidão e aumento de temperatura na região em que se formou o trombo é o primeiro passo para o tratamento. Ao apresentar estes sinais, o paciente deve procurar imediatamente um hospital. A trombose costuma aparecer em pessoas que passam muito tempo sem se mexer, que ficam por longos períodos sentadas, em pé ou deitadas.

"É importantíssimo o diagnóstico rápido, para a avaliação do tamanho do acometimento pelo trombo. Sabendo a dimensão do problema, pode-se introduzir a medicação para dissolver o coágulo e diminuir os riscos de embolias", explica Paola Smanio, coordenadora de cardiologia do Grupo Fleury e especialista em Medicina Nuclear.

O infarto é uma das doenças mais importantes para ser detectada aos primeiros sinais. A ação rápida frente os sintomas iniciais salvam uma vida. A doença nunca perdeu o interesse nas redes sociais, mas, com a pandemia, ela aumentou ainda mais. O motivo foi o crescimento da incidência. Mortes por problemas cardiovasculares saltaram em até 132% nos últimos dois anos, para se ter uma ideia — o infarto está entre as mais frequentes.

Diz o cardiologista Daniel Setta, presidente do Departamento de Doença Coronária da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), que os protocolos médicos para os casos de infarto evoluíram muito nos últimos anos, o que tem diminuído a letalidade do evento. No entanto, para que seja possível proporcionar os cuidados devidos ao paciente, é preciso que ele seja levado a uma emergência o quanto antes e, por isso, é preciso saber identificar os sintomas.

O infarto tem sintomas muito diversos — nenhum deles menos importante. Dor no peito forte e prologada, sudorese, irradiação da dor para o braço ou queixo estão entre eles. Idosos e pacientes psiquiátricos podem ter sintomas atípicos do problema, sem reclamar de dor súbita no peito, podendo apresentar apenas quadros de enjoo ou desmaio.

Outro clássico na procura é a diabetes. A doença, porém, muitas vezes não dá sinais precoces. Perceber em si mesmo ou em outra pessoa sintomas como aumento da fome, da frequência urinária e da sede, associado à perda de peso e a fraqueza frequente são alguns dos sintomas da condição, que não demanda a ida à uma emergência, mas que não deve ser subestimada.

No entanto, é possível diagnosticar (de forma fácil) a doença antes mesmo que os primeiros sinais apareçam. Através de exames simples, é possível identificar se a glicemia está acima do recomendado.

"Até que se alcance essa condição clínica que induzirá o surgimento de sintomas pode ter se passado muitos anos, onde os níveis elevados de glicemia provocaram danos, eventualmente graves", alerta o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).

O estado de pré-diabetes não é uma sentença de desenvolver a doença, mas acende o alarme para a condição. Ele produz no corpo um estado metabólico que facilita a formação de placas arterioscleróticas (de gordura) nos vasos sanguíneos, aumentando as chances de evolução para infarto, AVC e para o comprometimento da árvore arterial de membros inferiores e em todo o universo vascular.

O interesse pelos sintomas do Alzheimer está associado não só a alta nos casos, mas estudos que mostram que os casos da doença irão crescer drasticamente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima-se que existam 35,6 milhões de pessoas com o problema no mundo (1,2 milhão no Brasil) e os números deverão dobrar até 2030. Uma das principais explicação é o aumento do tempo de vida.

Partindo para o campo da psicologia, a pandemia de Covid-19 escancarou uma síndrome descrita desde a década de 1970, mas que só ganhou notoriedade nos dias atuais: o burnout. O problema é caracterizado pelo esgotamento físico e emocional, muitas vezes atrelado a excesso de trabalho. Dor de cabeça, dificuldade de concentração e a sensação constante de fracasso são alguns sintomas da síndrome.

Há síndromes, no entanto, que costuma surgir ainda na infância, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Pais de crianças agitadas ou que tenham dificuldade de aprendizado na escola costumam procurar saber os sintomas do transtorno para buscar o tratamento para os filhos.

"É uma síndrome mais comuns em meninos e é considerada um distúrbio de neurodesenvolvimento, ou seja, condições neurológicas que aparecem na infância antes da idade escolar e prejudicam o desenvolvimento pessoal, acadêmico. Normalmente, as causas incluem fatores genéticos, bioquímicos e também comportamentais", detalha Maria Rita Zoéga Soares, professora da Universidade Estadual de Londrina.

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