Logo Folha de Pernambuco

Covid-19

Covid-19: municípios com menor IDH têm taxas de vacinação mais baixas

Levantamento foi feito por pesquisadores da Fiocruz

VacinaçãoVacinação - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A campanha de vacinação contra a covid-19 é marcada pelas desigualdades sociais que atingem o território brasileiro, aponta levantamento feito por pesquisadores do painel MonitoraCovid-19, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). Dentre os fatores sociais avaliados, estão o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), além de aspectos ligados à renda e localização geográfica. Nos municípios com menor IDH, são mais baixas as taxas de vacinação.

Os dados estão publicados na Nota Técnica 23 do MonitoraCovid-19, divulgada essa semana. Segunda a nota, o IDH ajuda a qualificar a desigualdade da vacinação no país. Locais com baixo índice de desenvolvimento têm taxas de cobertura mais baixas, segundo o estudo. 

O levantamento observou o comportamento da pandemia nos últimos dois anos, além de indicadores sociais e os relativos ao avanço da aplicação das vacinas contra a covid-19 durante o ano de 2021.

Na comparação entre os municípios considerando o tipo da dose (primeira, esquema completo e reforço), o IDH e o tamanho da população residente nestas cidades, foi observado que há uma queda de quase 20 pontos percentuais na cobertura da primeira dose, de acordo com o nível de desenvolvimento dos municípios. 

“Na primeira dose, o grupo de municípios com IDH muito alto apresentava, no último dado disponível, percentual de imunização de cerca de 80%, enquanto no grupo de municípios com IDH baixo, esse percentual é de 60%. Na segunda dose, o grupo de municípios com IDH muito alto apresenta cerca de 70% da população com esquema vacinal completo, enquanto no grupo de municípios com IDH baixo, é cerca de 50%. Em relação à terceira dose, o grupo de municípios com IDH muito alto apresenta cerca de 10% da população imunizada; no grupo de municípios com IDH baixo esse percentual é de somente 2,5%”, diz a nota.

Locais remotos

Considerando o aspecto geográfico, a Fiocruz aponta que algumas regiões têm uma parte expressiva de seu território abaixo dos índices ideais de vacinação. "Enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentam elevado percentual da população imunizada, áreas da região Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda apresentam bolsões com baixa imunização para covid-19. Se considerarmos como um cenário de segurança, a vacinação com esquema completo acima de 80%, temos no Brasil apenas 16% dos municípios nessa situação", diz o documento. 

De acordo com a Fiocruz, essas falhas no processo de vacinação são preocupantes também em áreas de fronteira, como entre o estado de Rondônia e a Bolívia, a tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia – onde se localizam as cidades de Tabatinga e Letícia - ,também na tríplice fronteira entre Roraima, Venezuela e Guiana, e todo o estado do Amapá, que faz fronteira com a Guiana Francesa. Segundo os pesquisadores, esses territórios são vulneráveis para a entrada de novas variantes e dispersão do vírus da covid-19 para todo o país.  

“Apesar de o componente longevidade considerado no IDH poder ter inflacionado o percentual de população coberta, passados quase um ano do início da campanha de imunização e o avanço da vacinação para as demais faixas etárias, é pouco provável que este fator tenha influência sobre a cobertura vacinal”, disse, em nota, o pesquisador do MonitoraCovid-19 Diego Xavier.

Além da aceleração da aplicação das segundas doses do esquema vacinal e da aplicação da dose de reforço, os especialistas da Fiocruz reforçam a importância das medidas de prevenção como o uso de máscaras, de preferência nos modelos PFF2 e N95, além da não recomendação de realização de eventos de grande porte que geram aglomerações. 

Veja também

Ministério da Saúde prepara linha de cuidado para pessoas com albinismo
INTEGRAÇÃO

Ministério da Saúde prepara linha de cuidado para pessoas com albinismo

Novo esboço da COP29 propõe que países ricos paguem US$ 250 bi anuais para financiamento climáticos
MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Novo esboço da COP29 propõe que países ricos paguem US$ 250 bi anuais para financiamento climáticos

Newsletter