CPI da Covid adia leitura de relatório final em meio a divergências
A CPI da Covid anunciou neste domingo (17) ter adiado a leitura do relatório final que estava marcada para esta terça-feira (19).
De acordo com informações iniciais, a intenção é postergar em cerca de uma semana a data da apresentação do texto do senador Renan Calheiros (MDB-AL), possivelmente para o dia 26.
"Tem muita divergência ainda, precisamos discutir. Em relação a indiciamento, tipificação de crime. A ideia é uma semana de vista", afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE), integrante da comissão.
A decisão foi tomada após reunião neste domingo do G7, o grupo de sete senadores que é majoritário dentre os 11 membros da comissão. Ela partiu do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).
Segundo pessoas ouvidas pela reportagem, ainda está havendo muitas divergências no G7 em relação ao relatório final, inclusive sobre a inclusão de membros da família Bolsonaro.
Alguns senadores discordam da intenção de Renan Calheiros de indiciar o presidente Jair Bolsonaro pelo crime de genocídio contra a população indígena.
Outra divergência envolve o nome do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Alguns senadores dizem acreditar que não há motivos para indiciá-lo.
Além disso, há um descontentamento de senadores com os conteúdos vazados do relatório. Alguns disseram que não estão conseguindo ter acesso ao documento e ficam sabendo das informações pela imprensa.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo na última semana, o relator da CPI da Covid afirmou que seu texto final terá três personagens centrais: o presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e seu braço-direito, o coronel Élcio Franco.
Em relação ao chefe do Executivo, a quem Renan chama "mercador da morte", ele afirma que está clara e comprovada a sua participação em crimes e que por isso não há dúvidas de que será responsabilizado.
"Nós já temos a especificação de 11 crimes e vários agravantes", disse em entrevista à Folha de S.Paulo.
Após mais de cinco meses de trabalhos, o texto preliminar do relatório aponta que Jair Bolsonaro adotou o negacionismo da pandemia não só como discurso retórico, mas como política pública de governo.
Em cinco volumes, a minuta do parecer feito por Renan pede o indiciamento de mais de 60 pessoas, entre elas filhos do presidente, ministros de Estado, integrantes e ex-funcionários do Ministério da Saúde e empresários.
Além disso, Renan propõe 17 projetos de lei ou mudança na Constituição, que incluem definir crime para punir a disseminação de fake news, hoje inexistente na lei brasileira.