Criação de cavalos, cerveja e sinuca: Ronnie Lessa detalha como conheceu os irmãos Brazão há 25 anos
Chiquinho e Domingos foram presos sob suspeita de terem contratado o ex-policial militar para executar Marielle
Em seu acordo de colaboração premiada, o ex-policial militar Ronnie Lessa deu detalhes de como conheceu os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão em 1999. Segundo ele, os primeiros encontros ocorreram em uma casa em Jacarepaguá onde eles se reuniam para jogar sinuca, tomar cerveja e falar sobre os dois hobbies preferidos dos Brazão — criação de passarinhos e cavalos.
Essa residência onde eles costumavam se encontrar ficava a 50 metros de um haras da família Brazão. "Aquele ambiente ali de passarinho, cavalo e mata (...) então era uma coisa bacana até para respirar; virou uma frequência. (...) Meu negócio era mais beber cerveja e jogar sinuca. (...) Então, nesse ambiente eu conheci os Brazão", relatou Lessa.
O ex-policial militar afirmou que desde aquela época tinha a percepção que os irmãos políticos eram "bandidos mesmo". A PF aponta o loteamento de áreas do bairro de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, como a razão para a principal desavença entre o clã e a vereadora Marielle Franco. Os Brazão comandam uma milícia na região, segundo a PF.
No seu acordo de colaboração, Lessa admitiu à PF ter assassinado a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em março de 2018, a mando dos irmãos Brazão. Chiquinho é atualmente deputado federal pelo Rio, e Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. Os dois foram alvos de mandados de prisão preventiva decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Lessa, por sua vez, está preso desde 2019 e decidiu colaborar com a PF ao se ver encurralado pelas investigações.
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Segundo o ex-policial militar, o principal intermediário entre ele e os Brazão era o também ex-PM Edmilson Macalé, que também frequentava a casa e era criador profissional de passarinhos. Macalé foi morto em novembro de 2021 em um crime considerado pela PF como "queima de arquivo" - ele era o elo entre os mandantes (clã Brazão) e o executor do assassinato de Marielle (Lessa).
A PF utilizou os detalhes dos relatos de Lessa para confirmar a veracidade das informações, como o interesse dos irmãos Brazão e de Macalé por criadouros de passarinhos e o nome de um cachorro (Zeus) que pertencia ao dono da casa.
"Eu consegui lembrar o nome do cachorro, não é um cachorro comum, é um mastim napolitano, era do tamanho de um cavalo praticamente, era Zeus", detalhou Lessa.