Logo Folha de Pernambuco

Saúde

Crianças autistas sofrem com barulhos de fogos de artifício

Estudos apontam que entre 56% e 80% das pessoas com TEA apresentem hipersensibilidade auditiva

Fogos de artifícioFogos de artifício - Foto: Pixabay

Com o momento da virada do ano chegando, a queima de fogos de artifício no Réveillon pode ser um problema muito grande para famílias que têm crianças com hipersensibilidade auditiva. Essa é uma das características comum para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), apesar de não estar restrita a esse diagnóstico. A presença dos fogos barulhentos pode causar imenso desgaste e sofrimento para esses indivíduos e suas famílias. 

A hipersensibilidade trata-se de uma Disfunção de Integração Sensorial (DIS). A presença dessa disfunção é testificada por um terapeuta ocupacional com formação especializada na Terapia da Integração Sensorial. Para crianças que costumam se incomodar muito com sons do cotidiano ou repentinos e altos é fundamental a busca por ajuda por parte da família com o intuito de aprender a lidar com momentos de estresse gerados por esse tipo de estímulo, e que podem causar sobrecarga sensorial e emocional.

Estudos apontam que entre 56% e 80% das pessoas com TEA apresentem a hipersensibilidade, ou seja, possuem alteração do processamento sensorial auditivo que influencia na percepção dos estímulos, nesse caso se dando de forma exacerbada diante de sons. O barulho dos fogos de artifício pode ser encarado como demasiadamente alto para essas crianças, sendo comparado até mesmo como uma sensação dolorosa. 

De acordo com a terapeuta ocupacional especializada em Integração Sensorial da Clínica Ninho, Bruna Souto, os fogos comumente causam angústias e sofrimentos para quem apresenta hipersensibilidade auditiva. “O que pode ser uma sensação considerada normal e tolerável para pessoas neurotípicas – sem nenhum transtorno do desenvolvimento – pode ser encarada como um estímulo realmente aversivo para uma pessoa autista que apresente a disfunção sensorial”, explica.

Nos últimos anos algumas cidades adotaram a queima de fogos silenciosos com o intuito de amenizar o sofrimento de pessoas com algum transtorno ou disfunção sensorial, além dos animais, que têm uma audição mais apurada. Mesmo assim, muitas pessoas com TEA continuam a sofrer com o barulho causado pelos fogos soltos em lugares que ainda não adotaram a prática citada. 

Formas de ajudar as crianças com TEA que sofrem com hipersensibilidade auditiva

A terapeuta ocupacional aponta que uma das maneiras mais comuns de ajudar pessoas com TEA que sofrem de hipersensibilidade auditiva a lidar com estímulos causados pelo barulho dos fogos de artifício é utilizar estratégias de acomodação sensorial para reduzir o impacto dos sons altos. Diversos modelos de fones de ouvido ou abafadores de ruídos podem ser usados pelas crianças: grandes ou pequenos, de uso auricular externo ou interno, com espuma de maior ou de menor densidade. 

“Outra forma de ajudar crianças autistas a lidarem com o incômodo dos fogos de artifício é reforçar com antecedência, de maneira visual e/ou verbal, que esta é uma época em que a queima deles é comum e que, de fato, acontecerá”, aponta Bruna Souto.

A terapeuta ocupacional afirma também que, para algumas crianças, permanecer e realizar as comemorações dentro de casa ou em ambientes que já são habituais para elas, e consequentemente acolhedores e tranquilos, pode ajudar. “Se você já tem experiências passadas com a pessoa autista que demonstraram o quão desconfortável o barulho dos fogos é para ela, a opção de realizar as festas de fim de ano em casa ou em ambiente acolhedor e confortável pode ser, de fato, uma boa ideia para reduzir o estresse causado pelos sons altos. Além disso, antecipadamente e no momento dos fogos, explique para ela o que está acontecendo: usar fotos e até vídeos com som podem também ajudar”, explica.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter