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DOR

"Crueldade e horror": consternação na Argentina após entrega dos corpos da família Bibas pelo Hamas

A devolução dos restos mortais pelo Hamas provocou reações na comunidade judaica local, na arena política e na mídia

Shiri Bibas, 32 anosShiri Bibas, 32 anos - Foto: Redes sociais/Reprodução

A recente entrega dos corpos de Shiri Bibas, seus filhos Ariel e Kfir pela organização terrorista Hamás gerou uma profunda comoção e diversas repercussões na Argentina. A imagem de Shiri Bibas abraçando seus dois filhos enquanto era sequestrada pelo Hamas tornou-se um símbolo do sofrimento dos reféns que manteve Israel em suspense, até a confirmação nesta quarta-feira de que morreram em cativeiro em Gaza.

O exército de Israel anunciou que os caixões foram imediatamente transportados para o Instituto Nacional de Medicina Forense para proceder com a identificação oficial. Em Tel Aviv, na Praça dos Reféns, onde a população israelense costuma se reunir para exigir a liberação de reféns, uma vigília foi realizada em homenagem à família Bibas. Em todo Israel, as bandeiras estavam a meio mastro como sinal de luto nacional.

No âmbito político local, o ex-presidente Mauricio Macri expressou sua dor através da rede social X, onde manifestou:

“Hoje, o mundo inteiro está de luto. Os corpos da família Bibas, Shiri e seus dois pequenos filhos, foram entregues a Israel pela organização terrorista palestina Hamás. Publiquei uma captura do vídeo gravado pelos próprios terroristas para que nunca esqueçamos o rosto de medo e a indefensão de Shiri e seus filhos no momento do sequestro. Hoje choramos pela família Bibas e acompanhamos o povo de Israel em sua dor”.

O deputado nacional Martín Yeza, representando o bloco do PRO, divulgou um comunicado oficial no qual condenou o assassinato da família e reafirmou o compromisso da Argentina na luta contra o terrorismo. Na mesma linha, a deputada e presidente da Comissão de Direitos Humanos, Sabrina Ajmechet, escreveu: “Kfir e Ariel eram ambos cidadãos argentinos. Dois bebês argentinos assassinados pelo terrorismo de Hamás. Espero que nunca mais, depois disso, tenha que ouvir que o que acontece em Israel e Gaza não é nosso assunto, de todos os argentinos”.

Embora diversas autoridades tenham confirmado que os corpos pertencem à família Bibas, ainda há organizações e organismos que preferem aguardar a confirmação dos estudos de DNA em Israel.

A Embaixada de Israel na Argentina emitiu ontem um comunicado detalhando o processo de entrega dos corpos e condenando duramente a brutalidade do terrorismo. “Hamás sequestrou essas pessoas há mais de 500 dias e, em poucas horas, os devolverá sem vida. Com imensa tristeza, abraçamos cada família na Argentina, em Israel e em cada lugar do mundo que compartilha essa dor que não conhece fronteiras.”

E acrescentaram: “Os corpos chegarão a Israel através de uma ação da Cruz Vermelha. Uma vez que estejam em mãos das Forças de Defesa de Israel, iniciará o processo de identificação forense. Esse procedimento pode ter uma duração relativamente breve ou se estender até 48 horas, dependendo de diversos fatores. Até que a identificação de cada uma das pessoas seja estabelecida oficialmente e as famílias notificadas, não poderemos confirmar as identidades dos quatro indivíduos.”

A ex-governadora de Buenos Aires, María Eugenia Vidal, foi outra figura política local a expressar seu repúdio à brutalidade do Hamás, publicando no X: “As imagens do Hamás entregando os corpos de Ariel, Kfir e Shiri Bibas são dilacerantes. O terrorismo é isso: morte, crueldade e horror. Alguns minimizaram. Não há desculpas. Basta de justificar o injustificável.”

Ontem, após a divulgação das informações por parte de Israel, o Gran Rabino Eliahu Hamra, da Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), escreveu na rede social X: “O Governo do Estado de Israel recebeu a informação de que amanhã receberá os corpos sem vida de Kfir Bibas, Ariel Bibas, Shiri Bibas e Oded Lifshitz, que permaneciam sequestrados na Faixa de Gaza, desde os ataques da organização terrorista Hamás em 7 de outubro de 2023. É uma notícia de arrepiar que nos deixa sem fôlego. Meu abraço àquelas famílias destroçadas e minha prece pela elevação daquelas almas inocentes.”

O impacto midiático do fato foi imediato. Veículos de comunicação nacionais e internacionais cobriram a notícia com grande destaque, e numerosos jornalistas e analistas ressaltaram a violência com que o Hamás utilizou os corpos para uma exibição propagandística antes de entregá-los à Cruz Vermelha. Em imagens divulgadas nas redes sociais, pôde-se observar como os caixões da família Bibas foram expostos, cercados de faixas acusando o Governo de Israel pela morte dos mesmos. Este ato foi classificado como uma “profanidade” por funcionários israelenses e líderes da comunidade judaica.

Paralelamente, a Agência Judaica de Notícias informou que Israel protestou formalmente pela violação da dignidade dos mortos durante a entrega dos corpos em Gaza. Segundo o relatório, a cerimônia orquestrada pelo Hamás foi um “espetáculo cínico e cruel”, que gerou indignação até mesmo entre os mediadores da Cruz Vermelha que participaram do processo.

O pai das crianças e marido de Shiri é o único sobrevivente da família. Ele foi liberado em 1º de fevereiro passado como parte do acordo entre o Estado de Israel e o grupo terrorista.

Resultados de DNA
Por sua vez, a Organização Sionista Argentina (OSA) manifestou cautela em relação às informações e solicitou aguardar os resultados definitivos do DNA para confirmar a identidade dos corpos. “Não consideramos real nada que venha desses psicopatas assassinos, tendo em vista que eles já mentiram anteriormente sobre esse tipo de situação. Enquanto não houver uma confirmação oficial por parte do Estado de Israel, os testes de DNA podem demorar até 48 horas.”

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