Direitos Humanos

Cruz Vermelha denuncia piora da situação humanitária na Colômbia

Citando estatísticas oficiais, o CICV também lamentou o deslocamento em massa de quase 53 mil pessoas no ano passado

Lorenzo Caraffi, chefe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na Colômbia, informa a mídia sobre os 'Desafios Humanitários, Colômbia 2022' em Bogotá, em 23 de março de 2022Lorenzo Caraffi, chefe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na Colômbia, informa a mídia sobre os 'Desafios Humanitários, Colômbia 2022' em Bogotá, em 23 de março de 2022 - Foto: Daniel Munoz / AFP

Em 2021, a Colômbia registrou o maior número de vítimas por artefatos explosivos, deslocamentos, confinamentos e desaparecimentos desde que assinou a paz em 2016 com os guerrilheiros das FARC, denunciou nesta quarta-feira (23) o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

"Estamos preocupados com a tendência de aumento que observamos no número de vítimas e o aprofundamento de diferentes fenômenos, principalmente porque nos primeiros meses deste ano a situação humanitária na Colômbia continuou piorando", disse Lorenzo Caraffi, chefe da agência na Colômbia, citado no relatório anual do organismo.

O CICV registrou 486 vítimas de artefatos explosivos, 53% civis, incluindo 40 menores de idade. Do total de afetados, 50 morreram.

O número global supera os 392 casos registrados em 2020, até então o pior número registrado, em 14 dos departamentos mais atingidos pelo conflito interno que persiste após o desarmamento dos rebeldes marxistas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). 

Outras organizações - que se sustentam principalmente com o narcotráfico - ocuparam os espaços deixados pela guerrilha, devido à chegada tardia do Estado, segundo investigações independentes.

Minas antipessoal e outros artefatos explosivos são usados por forças ilegais para proteger plantações de drogas e armas.

Citando estatísticas oficiais, o CICV também lamentou o deslocamento em massa de quase 53 mil pessoas no ano passado, "representando um aumento de 148% em relação a 2020".

Em cidades afastadas que foram palcos do fogo cruzado, cerca de 45.000 camponeses foram forçados a se confinar, 60% a mais do que no período anterior.

Além disso, no desenvolvimento de seu trabalho humanitário, a organização "documentou a cada dois dias, em média, um novo caso de desaparecimento relacionado a conflitos armados e violência", o número mais alto em cinco anos.

Meio século de conflito armado deixou cerca de 120 mil desaparecidos na Colômbia, quase quatro vezes mais do que as ditaduras da Argentina, Brasil e Chile juntas no século XX.

"Esses números são dolorosos e mesmo assim não refletem o medo, a incerteza e a desesperança que milhares de pessoas experimentaram devido aos conflitos armados na Colômbia", lamentou Caraffi.

Durante a apresentação do relatório aos jornalistas, Caraffi alertou que "em 2022 o panorama pode ser ainda mais complexo do que no ano passado".

Segundo o chefe da agência humanitária, nos primeiros dois meses de 2022 foram registrados 25% do total de vítimas por artefatos explosivos documentados em 2021.

“Vemos uma continuação dessas tendências e notamos uma aceleração nos primeiros meses de 2022”, afirmou.

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