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Cuba e Venezuela denunciam na Opas sanções "ilegais" dos Estados Unidos em meio à pandemia

Os Estados Unidos aplicam um embargo econômico a Cuba desde 1962

Cubanos andam ao lado da parede lendo Fidel em uma rua de HavanaCubanos andam ao lado da parede lendo Fidel em uma rua de Havana - Foto: Yamil Lage / AFP

Cuba e Venezuela denunciaram nesta terça-feira (29) durante a reunião anual da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) que foram submetidos a sanções "ilegais" dos Estados Unidos, especialmente prejudiciais durante a pandemia, algo que Washington negou abertamente, lamentando a "politização" do evento.

As reclamações de Cuba e Venezuela foram expostas durante uma discussão sobre a resposta regional à covid-19 no 58º Conselho Diretivo da OPAS, que reúne os ministros da saúde e delegados de alto nível dos países membros. 

A vice-ministra da Saúde cubana, Marcia Cobas, levantou a questão pela primeira vez ao destacar o trabalho dentro e fora da ilha para conter o vírus, incluindo o envio de 52 brigadas médicas para 39 países e territórios afetados. 

"Tudo isso apesar do impacto do bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos intensificado durante a pandemia, que dificulta o acesso a insumos e equipamentos para atendimento aos pacientes, e sua falsa campanha contra a cooperação médica que Cuba oferece", afirmou.  

Os Estados Unidos, que aplicam um embargo econômico a Cuba desde 1962, consideram uma forma de "exploração humana" comparável à "escravidão" as missões médicas implantadas por Cuba, uma das principais fontes de renda do governo da ilha. 

A Venezuela também se manifestou contra a bateria de sanções que Washington lhe impôs para forçar a saída do presidente Nicolás Maduro, cujo segundo mandato, iniciado em 2019, não é reconhecido por ser considerado resultado de uma fraude eleitoral. 

"É necessário reiterar nossa reclamação sobre as medidas coercitivas e ilegais impostas pelo governo dos Estados Unidos, falsamente apresentadas como sanções individuais", argumentou o ministro da Saúde da Venezuela, Carlos Humberto Alvarado, indicando que afetavam "principalmente o acesso à saúde e alimentação". 

Alvarado acrescentou: "Eles sequestraram mais de US$ 30 bilhões pertencentes a nosso povo. Não podemos usar nossos recursos nem mesmo para honrar nossos compromissos com o Fundo Estratégico da OPAS, impedindo o acesso a vacinas e medicamentos". 

A Venezuela tem uma dívida de US$ 7.851.219 com a Opas por inadimplências, acumulada desde 2017, pela qual pode perder seu direito de voto na instituição.

O ministro venezuelano agradeceu pela ajuda dos "governos irmãos" para o enfrentamento da pandemia, em referência à China, Rússia, Cuba e Irã. 

Também disse que o trabalho das brigadas cubanas é "um exemplo de cooperação" na saúde, e colocou à disposição dessa região "as capacidades de produção venezuelana" para vacinas contra a covid-19.

"Lamentamos ter que responder novamente à politização de Cuba e da Venezuela do Conselho Diretor da OPAS", afirmou a representante dos Estados Unidos, Kristen Pisani.

E acrescentou: "Nossas sanções para promover a responsabilização do regime ilegítimo de Maduro não deveriam ser um obstáculo à prestação de ajuda humanitária à Venezuela", observando que o programa inclui "isenções e autorizações" diante dessa finalidade. 

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