Cuomo deixa governo de Nova York dizendo ser vítima de 'julgamento apressado'
O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse que foi vítima de um "golpe político", enquanto se preparava para deixar o cargo, nesta segunda-feira (23), depois de renunciar por acusações de assédio sexual.
Em um discurso de despedida gravado, o outrora poderoso democrata insistiu que a investigação que mostrou que ele assediou sexualmente várias mulheres, incluindo funcionárias, foi projetada para forçá-lo a renunciar.
"Houve um estrondo político e midiático. Mas a verdade virá à luz com o tempo. Disso eu estou certo", disse Cuomo, que entrega as rédeas do quarto estado mais populoso dos Estados Unidos à vice-governadora Kathy Hochul.
Cuomo - filho de Mario Cuomo, que foi governador durante três mandatos - esteve à frente de Nova York por uma década, ganhando as eleições pela primeira vez em 2010.
Ficou internacionalmente conhecido no ano passado, quando foi amplamente elogiado pelas suas sessões informativas diárias na televisão sobre a pandemia.
Isso acontecia enquanto o então presidente republicano Donald Trump criava confusão com mensagens incoerentes sobre o coronavírus, o que levou alguns democratas a pedirem uma candidatura presidencial de Cuomo.
Sua popularidade, no entanto, caiu no final do ano passado, quando foi acusado de omitir o verdadeiro número de mortes por covid-19 em lares de idosos.
Este ano, várias mulheres denunciaram o político, 63 anos, de assediá-las sexualmente. As acusações culminaram em um explosivo relatório da procuradora-geral do estado, Letitia James, publicado no início deste mês, o qual afirmava que Cuomo abusou sexualmente de 11 mulheres, inclusive com toques não desejados.
Cuomo nega energicamente as acusações e inicialmente rejeitou os pedidos para que renunciasse, incluindo os do presidente Joe Biden.
No entanto, depois que uma investigação dos deputados estaduais ganhou força, Cuomo anunciou em 10 de agosto que iria renunciar e deixaria o cargo duas semanas depois.
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Mensagem a De Blasio
Em seu discurso de despedida, ele afirmou que um "julgamento apressado" provocou um "escândalo midiático" que não era "certo, justo ou sustentável".
Também destacou algumas de suas conquistas, como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo em Nova York em 2011 e o aumento do salário mínimo do estado para 15 dólares em dezembro de 2019. "Nenhum governador na nação aprovou mais medidas progressistas do que eu", afirmou.
Cuomo também agradeceu aos eleitores pela "honra de ter servido" aos mesmos. "Quero que saibam, do fundo do meu coração, que, a cada dia, trabalhei o quanto pude. Dei tudo de mim e tentei entregar o meu melhor a vocês", disse.
Cuomo enviou uma última mensagem ao prefeito de Nova York, Bill de Blasio, com quem teve atritos. Ele disse que o provável sucessor de De Blasio na eleição de novembro, Eric Adams, trará "uma nova filosofia e competência ao posto", que dará aos moradores da cidade "uma esperança para o futuro".
Kathy Hochul, também democrata, será a primeira mulher a governar Nova York quando prestar juramento em Albany, capital do estado, nesta terça-feira (24). Cuomo lhe desejou sucesso.