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ESTADOS UNIDOS

"Czar da fronteira" de Trump defende batidas em escolas e igrejas

Tom Homan foi escolhido para supervisionar agenda linha-dura contra imigrantes no país, com Chicago como 'marco zero'; presidente determina aumento no número de detenções diárias, diz jornal

Tom HomanTom Homan - Foto: Megan Vernr/Getty Images/AFP

O czar da fronteira de Donald Trump defendeu a invasão de igrejas e escolas como parte de uma repressão à imigração ilegal, enquanto seis agências federais lançaram uma varredura com o objetivo de encontrar "estrangeiros criminosos potencialmente perigosos" em Chicago.

Trump começou seu segundo mandato na última segunda-feira com uma enxurrada de ações executivas para reformular a imigração dos EUA. Seu governo age para aumentar as deportações, inclusive relaxando as regras que regem as ações em locais "sensíveis", como escolas, igrejas e locais de trabalho.

Questionado sobre a mudança de regra, Tom Homan, que foi escolhido para supervisionar a agenda de imigração linha-dura de Trump, disse que a nova iniciativa envia uma mensagem clara.

— Há consequências de entrar no país ilegalmente. Se não mostrarmos que há consequências, você nunca vai consertar o problema da fronteira — disse Homan, que também é ex-chefe do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE), ao programa "This Week", da ABC News.

 

Mas Trump está descontente com o número de prisões até agora: ordenou que autoridades federais de imigração cumpram cotas de detenção maiores, informou o Washington Post no domingo.

O jornal reportou que Trump ordenou ao ICE que aumentasse os números de prisões de algumas centenas por dia para pelo menos 1.200 a 1.500, citando pessoas com conhecimento de briefings internos.

O ICE relatou ter feito um total de 593 prisões na sexta-feira e 286 prisões no sábado. No ano fiscal federal de 2024, a média foi de cerca de 310 por dia, de acordo com dados da agência.

'Operações direcionadas aprimoradas'
Homan falou à ABC News direto de Chicago, um reduto democrata e uma chamada "cidade santuário" para migrantes que o "czar" viu como "marco zero" do esforço de deportação.

O ICE anunciou no domingo no X que se juntou a outras cinco agências federais em "operações direcionadas aprimoradas" em Chicago "para fazer cumprir a lei de imigração dos EUA e preservar a segurança pública e a segurança nacional, mantendo estrangeiros criminosos potencialmente perigosos fora de nossas comunidades".

Juntos ao ICE estavam o FBI; o Bureau of Alcohol, Tobacco, Firearms and Explosives; a Drug Enforcement Administration; Customs and Border Protection; e o US Marshals Service.

Não foram fornecidos detalhes sobre a extensão da ação ou quantas pessoas foram detidas. O medo de ser pego nas batidas manteve muitos latinos na região em casa, informou o Chicago Tribune.

O governador de Illinois, JB Pritzker, um democrata, disse à CNN que autoridades estaduais ajudariam as agências federais de aplicação da lei a prender qualquer pessoa acusada ou condenada por crimes violentos, mas defenderiam cidadãos "cumpridores da lei".

Os senadores Dick Durbin e Tammy Duckworth, ambos democratas representantes de Illinois, repreenderam as batidas de deportação de Trump em uma declaração conjunta no domingo, dizendo que os esforços "vão muito além" de mirar "indivíduos perigosos" e correm o risco de deter migrantes indiscriminadamente.

"Estamos com a comunidade de imigrantes em Chicago e em todo o país, e nossos escritórios e assistentes sociais estão prontos para ajudar aqueles que são indevidamente pegos nessas batidas", diz trecho da declaração.

Na quinta-feira, líderes de três organizações católicas criticaram a mudança de regra que permite batidas em igrejas e escolas, dizendo em uma declaração conjunta que "transformar locais de cuidado, cura e consolo em locais de medo e incerteza... não tornará nossas comunidades mais seguras".

Quando pressionado pela oposição católica, Homan se manteve firme.

— Estamos aplicando as leis que o Congresso promulgou e o presidente assinou. Se eles não gostam, mude a lei — rebateu.

Todos os olhos durante a primeira semana de Trump no cargo estavam voltados para a fiscalização da imigração e deportações, embora não estivesse claro até que ponto as ações aumentaram em relação ao antecessor Joe Biden. Homan pediu ao Congresso que aprovasse financiamento adicional para lidar com os presos.

— Vamos precisar de mais leitos de ICE, um mínimo de 100 mil — disse ele à ABC News. — Vamos tentar ser eficientes. Com mais dinheiro, mais podemos realizar.

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