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Guerra

Da ocupação russa ao turismo de guerra em cidade do leste da Ucrânia

Prefeito da cidade de Sviatoguirsk prevê um novo futuro para a cidade

Cidade de SviatoguirskCidade de Sviatoguirsk - Foto: Genya Savilov/AFP

A cidade de Sviatoguirsk, no leste da Ucrânia, planeja desenvolver o turismo de guerra para relembrar os combates que a devastaram e os três meses em que esteve sob ocupação russa até sua libertação em setembro.

Veículos blindados — carbonizados e enferrujados — continuam bloqueando as estradas, ninguém consertou as janelas, e não há água corrente.

Uma vida precária para os 900 habitantes que ainda vivem no lugar, um quinto do total anterior à guerra, quando o turismo explodia, graças aos seus pinhais nas margens do rio Severski Donets e ao mosteiro ortodoxo da Dormição.

Hoje, seu prefeito, Volodimir Ribalkin, diz que prevê um novo futuro para a cidade, voltado para o turismo de guerra. Ele foi nomeado pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, depois que o ex-prefeito colaborou com os ocupantes russos entre junho e setembro de 2022.

Ribalkin caminha pela rua principal, passando por lojas e cafés com fachadas destruídas.

Oleksandre, de 70 anos, um empresário aposentado, varre os cacos de vidro em sua floricultura na rua principal. No supermercado próximo, fragmentos de um míssil atravessaram teto, janelas e paredes.

"Esta área foi constantemente bombardeada", afirma Ribalkin, recomendando caminhar sobre o macadame para evitar artefatos explosivos ainda escondidos.

Recentemente, uma mulher foi morta por uma mina antipessoal às margens do rio, já que a falta de recursos impede uma limpeza completa.

Turismo histórico e militar
O prefeito garante que, em cinco anos, a cidade estará “cheia de turistas”.

“Vai ser mais um turismo histórico e militar, baseado nos acontecimentos que tiveram lugar aqui, e será depois da vitória” dos ucranianos, diz.

Enquanto isso, Svyatoghirsk está sem água corrente há mais de um ano, depois que tubulações e estações de tratamento foram destruídas.

Um contêiner marítimo foi dividido em cabines para chuveiros, banheiros e máquinas de lavar. Um fogão a lenha aquece a água. Os moradores podem acessar o chuveiro a cada duas semanas, mediante inscrição prévia.

"É um prazer para as pessoas virem para cá", disse uma funcionária, Oksana, ex-assistente pedagógica, que teve seu antigo local de trabalho e casa destruídos.

"Agora moro com minha vizinha", conta.

Ali perto, em uma cafeteria da associação ucraniana World Central Kitchen, Elvira, de 15 anos, serve um prato composto de atum, arroz, beterraba e salada de legumes.

"Na Ucrânia, o ensino é a distância. Então, depois do trabalho vou para casa e faço os deveres de casa", explica a jovem, sorrindo. Ela sonha com ser cabeleireira.

Crianças da região frequentam aulas de arte em um acampamento de verão organizado pela ONG ucraniana Base UA.

A história desta cidade também destaca as dolorosas divisões dentro da Ucrânia.

Quando as tropas de Moscou assumiram o controle, o prefeito Volodimir Bandura colaborou com o inimigo, antes de partir com os russos, acompanhado de cerca de 200 habitantes.

"Foi aberto um processo criminal", declara o atual prefeito sobre seu antecessor.

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