GOVERNO

Daniel Noboa toma posse como presidente do Equador e pede união para acabar com violência

Filho de magnata da exportação de banana, o político é o mais jovem a assumir país latino, aos 35 anos

Presidente eleito do Equador, Daniel Noboa Presidente eleito do Equador, Daniel Noboa  - Foto: Rodrigo Buendia / AFP

O empresário milionário Daniel Noboa, de 35 anos, tomou posse nesta quinta-feira (23) no Congresso do Equador como o presidente mais jovem da história de um país abalado pela violência do narcotráfico e pela instabilidade política.

O presidente eleito, que se denomina como de centro-esquerda, mas foi apoiado por forças de direita, o filho do magnata da exportação de banana, Álvaro Noboa, chegou ao poder para governar por um curto e incomum período de 18 meses.

— Para muitos, a juventude é sinônimo de ingenuidade, mas para mim é sinônimo de força — afirmou o presidente em seu discurso de posse.

Noboa deve completar o mandato inacabado do direitista Guillermo Lasso, que dissolveu o Congresso em maio e convocou eleições antecipadas para evitar um julgamento político por corrupção, promovido por deputados da oposição que formavam a maioria.

Somada à crise institucional está a violência das gangues de traficantes com poder internacional, que resultou em cerca de 3.600 assassinatos este ano, segundo o Observatório Equatoriano do Crime Organizado. No discurso de posse, Noboa enfatizou o tema, afirmando que deverá centrar boa parte de seu governo para a política de segurança pública.

— Para se combater a violência temos que atacar a desocupação, o país necessita emprego e para isso faremos reformas urgentes — disse o presidente na cerimônia. — Eu convido a todos [apoiadores ou não] a trabalharmos em conjunto para acabar com nossos inimigos em comum: a violência e a miséria.

Apenas um governante compareceu à cerimônia: Gustavo Petro, presidente da Colômbia. O boliviano Luis Arce também havia confirmado a presença na solenidade, porém cancelou a presença.

O representante do Brasil no evento ficou a cargo do vice-presidente Geraldo Alckmin. Também compareceu o homólogo dele, de Honduras, Renato Florentino Pineda. Os chanceleres do Panamá, Haiti, Peru e Costa Rica foram outros que se fizeram presentes, segundo o Ministério das Relações Exteriores do Equador.

Presidência de Noboa
Com pouca experiência política e escasso apoio no Parlamento, o governo de Noboa será "estruturalmente fraco" como o dos seus antecessores, incluindo o de Lenín Moreno, que governou o país entre 2017 e 2021, diz à AFP o cientista político Santiago Cahuasquí, da Universidade Internacional SEK.

— Deve assumir que é um governo de transição [...] e, portanto, deve ser altamente pragmático e realista em relação às suas capacidades e objetivos que vai traçar, para que não volte a gerar frustração aos equatorianos — acrescentou.

Noboa antecipou que assim que assumir o cargo presidencial irá decretar o estado de exceção, medida que lhe permite utilizar fundos destinados a outras finalidades, suspender alguns direitos dos cidadãos, como a liberdade de circulação, e mobilizar soldados para as ruas.

Nascido nos Estados Unidos e formado em renomadas universidades estrangeiras, o novo presidente é sommelier, sabe de música, tentou ser vegetariano, coleciona pimenta e é apaixonado por carros e cavalos, segundo sua assessoria de imprensa. O pai, Álvaro Noboa, já tentou, sem sucesso, tornar-se presidente cinco vezes.

No segundo turno, em 15 de outubro, Noboa derrotou a esquerdista Luisa González, líder do ex-governador socialista Rafael Correa (2007-2017), com 52% dos votos, em um pleito marcado também pelo assassinato do então candidato Fernando Villavicencio. Apesar da vitória, o movimento do novo presidente – a Ação Democrática Nacional (ADN) – conquistou apenas 17 das 137 cadeiras parlamentares.

Na sexta-feira, Noboa aliou-se ao correísmo, a principal força política com 51 cadeiras e forte crítica de seu pai, e ao Partido Social Cristão (PSC), de direita, para criar uma maioria na hora de designar autoridades como presidente e dois vice-presidentes do Congresso.

— As forças estão fragmentadas e há volatilidade — enfatizou Cahuasquí.

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