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REINO UNIDO

David Cameron assume secretaria de Relações Exteriores do Reino Unido após 7 anos longe da política

Ex-premier que colocou o Brexit para votação e renunciou após vitória dos separatistas retorna em momento de crise do Partido Conservador para tentar atrair moderados

David Cameron, em foto de 2016: ex-premier foi nomeado como novo chanceler britânicoDavid Cameron, em foto de 2016: ex-premier foi nomeado como novo chanceler britânico - Foto: Justin Tallis/AFP

O ex-primeiro-ministro do Reino Unido David Cameron, afastado da vida pública há 7 anos, desde a aprovação do Brexit, foi anunciado como novo secretário das Relações Exteriores no gabinete de Rishi Sunak, nesta segunda-feira (13), em um movimento surpreendente na tentativa de unir o Partido Conservador antes das eleições de 2024.

A entrada de Cameron em cena é parte de uma reforma ministerial mais ampla, após a decisão de Sunak de demitir a ministra do Interior, Suella Braverman, que recentemente criticou publicamente a polícia britânica, e esteve envolvida em outras declarações polêmicas nos últimos meses, por exemplo, quando afirmou que queria impedir que pessoas em situação de rua montassem tendas na via pública, acrescentando que é "um modo de vida de sua escolha". O premier decidiu indicar James Cleverly ao cargo de Suella, desocupando a chancelaria para Cameron.

Analistas apontam a reforma ministerial como uma tentativa de Sunak de impulsionar o Partido Conservador antes das eleições legislativas de 2024, no momento em que pesquisas apontam vantagem do Partido Trabalhista nas intenções de voto — um movimento arriscado, uma vez que Cameron é fortemente associado ao Brexit e a políticas de austeridade que ainda são acusadas de sufocar o serviço público.

De acordo com Mark Landler, chefe do escritório do The New York Times em Londres, a aproximação de Sunak a Cameron vai contra as promessas de renovação do partido feitas pelo atual premier. Contudo, indica uma preocupação do governo com a política externa em um momento de conflito.

"A nomeação de Cameron serve outro propósito: com James Cleverly, o respeitado secretário das Relações Exteriores, transferido para o cargo de Suella Braverman no Ministério do Interior, o primeiro-ministro precisava de outra figura experiente para dirigir o Ministério das Relações Exteriores em um momento de guerra na Ucrânia e em Gaza", escreveu Landler.

Contudo, Cameron representa uma ala mais moderada dentro do partido, em comparação a Suella. Ele renunciou ao poder em 2016, após a vitória do Brexit no referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia — ele era favorável à permanência do país no bloco. Para entrar no governo, sem ter o cargo de deputado, David Cameron foi nomeado para a Câmara Alta do Parlamento britânico, a Câmara dos Lordes, segundo Downing Street.

"A autoridade de Sunak foi muito afetada após as declarações da agora ex-ministra. Alguns especulam que Braverman buscava sair do gabinete para se posicionar como adversária interna de Sunak e como futura candidata a liderar o partido em caso de derrota do governo nas [eleições] dentro de um ano" explicou à AFP Ezequiel González Ocantos, professor de Ciências Políticas da Universidade de Oxford. "Com a saída, Sunak procura restabelecer sua autoridade e apelar aos setores moderados que abandonaram o partido. Isto também pode ser visto com a nomeação de Cameron".

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