Um ano de guerra

De Bucha a Kramatorsk, a Ucrânia homenageia seus mortos na guerra

Ucranianos prestam, nesta sexta-feira (24), homenagens aos mortos da guerra que começou há um ano, quando as tropas de Moscou invadiram o país

Um ano da Guerra da UcrâniaUm ano da Guerra da Ucrânia - Foto: Philip Fong / AFP

De Bucha, cidade martirizada perto de Kiev duramente marcada pela ocupação russa, até Kramatorsk (leste), perto do "front", os ucranianos prestam, nesta sexta-feira (24), homenagens aos mortos da guerra que começou há um ano, quando as tropas de Moscou invadiram o país.

Na igreja de Santo André, em Bucha, uma pequena exposição fotográfica recorda o horror vivido por esta cidade situada na periferia noroeste da capital ucraniana.

Junto a este edifício, ainda em construção, as vítimas da ocupação russa foram enterradas às pressas em uma vala comum, antes da libertação da cidade pelas forças ucranianas no final de março de 2022.

"Nos reunimos para recordar os crimes russos, o terror", declarou um padre ortodoxo em uma cerimônia organizada "pela paz na Ucrânia e por seus defensores", perante uma centena de paroquianos.

Bucha se tornou o símbolo dos crimes de guerra atribuídos à Rússia por Kiev, que anunciou a descoberta de centenas de corpos de civis na região.

"Ficamos aqui, com minha esposa, por um mês, durante a ocupação. Não nos mexemos, vimos todos esses horrores", conta Serguii Zamostian, professor aposentado de 62 anos, ao deixar a igreja com os olhos marejados.

"No cemitério, já há mais de 50 soldados nossos e 450 civis baleados [pelos russos]. Por quê?", questiona o sexagenário, que diz confiar na "vitória" da Ucrânia na guerra.

O homem conta que morava na rua Iablonska, onde a AFP encontrou, logo após o fim da ocupação, os corpos de cerca de 20 civis. Entre os mortos, estava o padrinho de seu filho, executado em seu quintal, lembra.

Os padres e funcionários municipais se dirigem ao cemitério para uma segunda cerimônia.

'Cansados' da guerra
Os túmulos cavados nas últimas semanas, sobre os quais repousam coroas de flores e bandeiras ucranianas, abrigam os corpos dos soldados mortos nos últimos meses, testemunhos da dura homenagem prestada por esta pequena cidade de 30.000 habitantes.

A sepultura mais recente é a de Oleksii, um soldado de 29 anos, que morreu em meados de janeiro. Sua mãe, Tatiana, voltou da Alemanha, onde era refugiada, para enterrá-lo.

"Estamos cansados, não aguentamos mais", afirma ela, apoiada pela ex-namorada do jovem morto, que diz sentir "um abismo, um vazio".

Em Lviv, no oeste da Ucrânia, alguns parentes de soldados mortos em combate foram ao cemitério para homenageá-los. "Este aniversário não é uma celebração, é a nossa dor", disse Anna Krachitska, mãe de um deles.

"Meu filho está enterrado aqui", continua Mariana Chulga. "Amanhã fará exatamente um ano que ele acordou uma manhã depois de ver na televisão que a guerra havia começado e decidiu se alistar", diz.

Homenagens também aconteceram em Kherson, retomada pelas forças ucranianas em novembro. "Tudo mudou, nossa vida deu uma guinada" desde o início da invasão, conta Diana, uma vendedora de 31 anos.

Kramatorsk, cidade situada no leste, também enterrou seus mortos. Esta cidade na área de mineração de Donbass fica perto do "front" e de Bakhmut, que os russos tentam conquistar há meses.

Sob um céu de chumbo, Mykhailo Sikirin foi enterrado em um caixão nas cores amarelo e azul da Ucrânia. Integrante da Guarda Nacional, morreu aos 30 anos em um bombardeio em 18 de fevereiro em Shypylivka, na região de Luhansk.

"Ele morreu pela independência e pela soberania da Ucrânia", declara o padre diante do túmulo.

Três colegas do soldado caído deram disparos para o alto em uníssono.

"Graças às ações desses soldados estamos aqui, sãos e salvos", diz o padre, olhando na direção das bandeiras ucranianas que balançam sobre outras 21 sepulturas cavadas no novo cemitério.

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