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De extrema-direita, ex-astro do Manchester City deve ser novo presidente da Geórgia; entenda

Mikheil Kavelashvili é conhecido por seus discursos parlamentares cheios de palavrões e tiradas contra críticos do governo e pessoas da comunidade LGBTQIAPN+

Mikheil Kavelashvili foi indicado ao posto de presidente da Geórgia Mikheil Kavelashvili foi indicado ao posto de presidente da Geórgia  - Foto: Georgian Dream party's press service / AFP

Ex-jogador de futebol que virou político de extrema-direita, Mikheil Kavelashvili deve se tornar o próximo presidente da Geórgia em uma eleição indireta denunciada como "ilegítima" pelo atual líder pró-União Europeia. Escolhido pelo partido governista Georgian Dream, o ex-atacante do Manchester City é conhecido por seus discursos parlamentares cheios de palavrões e tiradas contra críticos do governo e pessoas da comunidade LGBTQIAPN+.

Ele deve ser eleito para o cargo por um colégio eleitoral controlado pelo Georgian Dream, depois que o partido aboliu o uso de votos populares para eleger o presidente sob mudanças constitucionais controversas aprovadas em 2017.

 

A catapulta de Kavelashvili para o cargo ocorre em um momento dramático, já que milhares de manifestantes saíram às ruas de Tbilisi por semanas, furiosos com o Georgian Dream por arquivar as negociações de adesão à UE.

Os manifestantes descreveram Kavelashvili como um "fantoche" do bilionário Bidzina Ivanishvili, fundador do Georgian Dream, que por sua vez o chamou de "a personificação de um homem georgiano".

Ostentando um bigode e cabelo penteado para trás, seus comentários sobre pessoas LGBTQIAPN+ causaram alarme, já que o Georgian Dream adotou leis no estilo do Kremlin restringindo seus direitos.

O ex-jogador de futebol criticou o Ocidente por querer "o máximo de pessoas" numa abordagem neutra e tolerante com a comunidade — "que supostamente defende os fracos, mas é, na verdade, um ato contra a humanidade", disse ele.

Raízes no futebol
Nascido na pequena cidade de Bolnisi, no Sudoeste da Geórgia, em 1971, Kavelashvili começou sua carreira como jogador de futebol profissional na década de 1980, em clubes na Geórgia e na Rússia. Tornou-se um atacante da seleção de seu país.

O jogador de 53 anos jogou pelo Manchester City entre 1995 e 1997, marcando na estreia contra o rival Manchester United. Ele então se juntou ao clube suíço Grasshoppers, onde passou a maior parte do tempo no banco, antes de passagens por outros lugares na Suíça, em Zurique, Luzern, Sion, Aarau e Basel.

Kavelashvili foi desqualificado de concorrer à presidência da Federação Georgiana de Futebol em 2015 devido à falta de ensino superior, um requisito para a função.

Ele atuou como deputado pelo Georgian Dream a partir de 2016 e foi eleito para a legislatura na lista do partido nas eleições de outubro de 2024 — que grupos de oposição dizem ter sido fraudadas e não reconhecem.

Em 2022, Kavelashvili, ao lado de outros legisladores do Georgian Dream, estabeleceu um grupo parlamentar chamada Poder do Povo — de viés antiocidental e que oficialmente se separou do partido governista, mas ainda é amplamente visto como seu satélite. Suas afiliações políticas se alinham com ideologias de extrema direita.

Ele é conhecido por declarações obscenas contra oponentes e acusou líderes ocidentais de tentar arrastar a Geórgia para a guerra da Rússia contra a Ucrânia.

O Georgian Dream nomeou Kavelashvili para o cargo cerimonial no final de novembro, com o objetivo de fortalecer seu controle sobre o poder. Mas a nomeação indignou muitos na Geórgia, especialmente aqueles que têm saído às ruas diariamente por duas semanas para protestar contra o desvio do Georgian Dream de seu objetivo de ingressar na UE.

No 14º dia de protestos em massa desta semana, os manifestantes não se contiveram em expressar seu desdém por Kavelashvili.

Eleições 'ilegítimas'
O novo processo eleitoral indica que Kavelashvili será o próximo presidente, com Salome Zurabishvili prestes a perder o cargo. Mas Kavelashvili verá sua legitimidade minada desde o início, com especialistas em direito constitucional — incluindo um autor da constituição da Geórgia, Vakhtang Khmaladze — dizendo que a eleição será "ilegítima".

Tbilisi está atualmente mergulhada em uma crise constitucional, com Zurabishvili exigindo uma nova disputa das eleições parlamentares de outubro.

O Parlamento aprovou suas próprias credenciais em violação a uma exigência legal de aguardar uma decisão judicial sobre a tentativa de Zurabishvili de anular os resultados das eleições.

Zurabishvili declarou que o novo Parlamento e o governo são "ilegítimos" e prometeu não renunciar ao final de seu mandato em 29 de dezembro se o Georgian Dream não organizar uma nova votação.

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